Economia

Vitórias com Selic de Lula e FHC são perdidas com Dilma

Presidente pode se tornar a primeira desde que as metas de inflação foram adotadas a terminar mandato com custos de empréstimo mais altos


	Dilma Rousseff: presidente havia prometido reduzir as taxas de juros do Brasil a níveis internacionais
 (REUTERS/Nacho Doce)

Dilma Rousseff: presidente havia prometido reduzir as taxas de juros do Brasil a níveis internacionais (REUTERS/Nacho Doce)

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Da Redação

Publicado em 14 de novembro de 2013 às 16h46.

Brasília - Dilma Rousseff, que havia prometido reduzir as taxas de juros do Brasil a níveis internacionais, pode se tornar a primeira presidente desde que as metas de inflação foram adotadas em 1999 a terminar o mandato com custos de empréstimo mais altos do que quando assumiu.

Os operadores preveem que o Banco Central subirá a taxa Selic para 11,62 por cento até dezembro de 2014, contra 10,75 por cento no início do mandato de Dilma, em janeiro de 2011, segundo os contratos futuros compilados pela Bloomberg. A taxa Selic caiu 14,25 pontos percentuais durante o governo do mentor de Dilma, Luiz Inácio Lula da Silva, e 20 pontos percentuais nos três últimos anos do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, que terminou em 2002. Os rendimentos dos bônus em moeda local subiram duas vezes mais que os dos demais países emergentes nos últimos 30 dias.

A pressão de Dilma para reduzir os custos de empréstimo de referência para o que ela chamou de níveis “civilizados” saiu pela culatra em meio ao aumento de investimentos para aumentar um crescimento incipiente, e os preços ao consumidor subiram enquanto as economias desenvolvidas, com taxas de juros de 1 por cento ou menos, ainda enfrentam a ameaça de desinflação. Reverter a rota para elevar a Selic em 2,25 pontos porcentuais, de um recorde de 7,25 por cento desde abril, ainda não será suficiente para conter as expectativas de inflação, segundo Carlos Thadeu de Freitas Gomes, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio e ex-diretor do Banco Central.

“Este é o preço que eles têm que pagar por baixar as taxas tão rapidamente, por agirem tão rapidamente no ano passado”, disse Gomes, por telefone, do Rio de Janeiro. “Remar para trás será mais difícil nessa tempestade perfeita -- uma moeda mais fraca, preços das commodities subindo e crescentes expectativas de inflação”.

Reanimar o crescimento

Os estrategistas do Banco Central começaram em agosto de 2011 a reduzir os custos dos empréstimos da maior alta em dois anos, de 12,5 por cento, para uma baixa recorde de 7,25 por cento em outubro de 2012. Esperava-se que as taxas de juros mais baixas reanimassem o crescimento econômico impulsionado ao longo de uma década pelos gastos dos consumidores, disseram economistas como Tony Volpon, da Nomura Holdings Inc., e David Beker, da Bank of America Corp., no ano passado.


A economia do Brasil crescerá menos do que a média da América Latina em 2014 pelo quarto ano seguido, segundo analistas consultados pela Bloomberg. Os swaps de crédito de cinco anos do Brasil, contratos que protegem os detentores de títulos da dívida do país contra moratória, subiram 38 pontos-base ontem, para 206 pontos-base, desde o final do mês passado.

A caminho da eleição presidencial do ano que vem, em outubro, Dilma entregará a mais lenta expansão econômica em períodos de quatro anos e o primeiro aumento da inflação anual sob qualquer presidente desde 1990, segundo as últimas consultas do Banco Central a economistas.

A inflação anual irá acelerar para 5,93 por cento até o final do ano que vem, contra 5,85 em 2013 e 5,91 por cento no início do mandato de Dilma, segundo uma pesquisa de 8 de novembro com cerca de 100 analistas.

A mais rápida

A inflação do Brasil é a mais rápida entre as maiores economias das Américas, atrás dos índices da Argentina e da Venezuela, e por duas vezes neste ano rompeu a faixa da meta do governo, de 2,5 por cento a 6,5 por cento.

Uma das dificuldades para conter as expectativas de inflação é que o governo está ancorando artificialmente os aumentos do custo de vida ao congelar os preços do combustível, do transporte e de outros itens administrados pelo governo, disse Gomes.

Os governos estaduais e federal reverteram os aumentos das tarifas de ônibus em junho e aumentaram os subsídios ao transporte urbano. O conselho da Petrobras propôs no mês passado a criação de um novo mecanismo que lhe permitiria elevar os preços dos combustíveis, limitados pelo governo.

“O mercado está cobrando um prêmio de risco para quando esses ajustes de preço ocorrerem”, disse Gomes.

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