Vice-líder do governo apresentará projeto para formalizar bloqueio menor no Orçamento
Deputado Pedro Paulo diz que bloqueio de R$ 23 bilhões estabelecido pela Lei Orçamentária Anual (LOA) traz insegurança jurídica
Agência de notícias
Publicado em 31 de janeiro de 2024 às 15h55.
Última atualização em 31 de janeiro de 2024 às 16h08.
O deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), um dos vice-líderes do governo na Câmara dos Deputados , vai apresentar um projeto de lei — ou uma emenda a um projeto já em tramitação — para oficializar um mecanismo para que o Executivo bloqueie menos recursos no Orçamento este ano.
Mudanças no arcabouço fiscal
Pelo texto do arcabouço aprovado em 2023, o contingenciamento neste ano poderia chegar a R$ 55 bilhões. Mas o entendimento do Ministério da Fazenda é de que o número máximo será de R$ 23 bilhões, porque é preciso respeitar o piso de crescimento das despesas de 0,6% acima da inflação.
"Temos um parecer da consultoria da Câmara contrário a esse entendimento [ de contigenciamento menor ]. Dessa forma, a melhor saída é apresentar um novo projeto de lei, ou pegar carona em um projeto já em tramitação, para deixar tudo isso claro e diminuir o risco jurídico", disse Pedro Paulo.
A ideia do projeto é mudar o novo arcabouço fiscal, aprovado no ano passado. Em dezembro, o deputado já encaminhou um pedido de manifestação do Tribunal de Contas da União (TCU), para que a corte se posicione em relação a esse entendimento.
Risco de alteração na meta
Toda a polêmica teve início com o risco de alteração da meta de déficit zero de 2024, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com receio de que o contingenciamento de R$ 55 bilhões afetasse investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ministros como o chefe da Casa Civil, Rui Costa, foram a Lula pedir a alteração da meta, para que não houvesse os bloqueios.
Logo depois, o Ministério da Fazenda afirmou que o número estava errado e que o bloqueio seria menor, em torno de R$ 23 bilhões, porque era preciso respeitar não só a meta de déficit zero mas também o piso mínimo de 0,6% do crescimento das despesas, previsto no arcabouço.
Pedro Paulo diz que é contra a mudança da meta de déficit zero, mas também é preciso formalizar esse entedimento do teto de contingenciamento menor, dando maior segurança jurídica.
"Sou contra a mudança de meta, e o contingenciamento, do jeito que o governo pretende, a partir de seus pareceres da AGU, CGU, não estão escritos nem no arcabouco e entram em conflito com a LRF. É preciso corrigir isso", disse o deputado.
No TCU, há uma visão inicial entre integrantes da corte de que o tribunal só poderia tomar uma decisão depois da divulgação do relatório bimestral de receitas e despesas, o que só ocorrerá em março. Nesse relatório o governo Lula terá de tomar a decisão sobre os bloqueios orçamentários, em caso de risco de descumprimento da meta de déficit zero. Antes disso, não há um ato, um fato consumado, para que o Tribunal se posicione.