Economia

Venda de carros novos cai 19,3% no ano

No acumulado do ano, foram vendidos até agora 537 mil veículos


	Carros: levando-se em conta a média diária, as vendas neste mês caíram 27%
 (Vanderlei Almeida/AFP)

Carros: levando-se em conta a média diária, as vendas neste mês caíram 27% (Vanderlei Almeida/AFP)

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Da Redação

Publicado em 17 de março de 2015 às 08h39.

São Paulo - O mercado de carros novos continua sem sinais de reação e acumula no ano, até a primeira quinzena de março, queda de 19,3% nas vendas em relação a igual período de 2014.

No acumulado do ano, foram vendidos até agora 537 mil veículos, ante 665,9 mil em igual intervalo do ano passado.

Na primeira metade de março, foram emplacados 97,3 mil veículos, 7,5% menos em relação ao mesmo período de fevereiro.

Em relação a março, os dados preliminares do mercado apontam para alta de 3,5%, mas o motivo é o menor número de dias úteis naquele mês, que teve o feriado de carnaval.

Levando-se em conta a média diária, as vendas neste mês caíram 27% ante igual período de um ano atrás. "O mercado automotivo mais que nunca depende da confiança dos consumidores e, em razão da instabilidade econômica e política, o que vemos é um resfriamento grande do ímpeto de compra", afirma o sócio-diretor da consultoria GO Associados, Fábio Silveira.

A GO acredita numa possível melhora do mercado a partir do segundo semestre, mas insuficiente para reverter um cenário de queda para o ano.

"Trabalhamos com uma redução de 9,2% nas vendas este ano, situando-se em 3,18 milhões de veículos."

Silveira também acredita que os ajustes na mão de obra vão continuar. "A indústria precisa aumentar sua produtividade e não precisa do contingente atual para o volume de produção previsto."

Ele projeta 2,96 milhões de unidades, 6% abaixo de 2014. Nos dois primeiros meses do ano, o setor já demitiu 1.846 trabalhadores.

Promoções

Com altos estoques nas fábricas e revendas, suficientes para 50 dias de vendas, quando o normal é de 25 a 30 dias, as montadoras intensificaram campanhas de varejo.

A Renault iniciou na segunda-feira, 16, campanha em que sorteará dez modelos Sandero Stepway, no valor de R$ 50 mil cada.

A promoção termina no dia 23 e também serão sorteados tablets, carregadores portáteis e pen drives. Entre as ofertas está o Logan Expression 1.0 Hi-Power, vendido a R$ 38.490 mil, R$ 1,6 mil abaixo do preço da tabela em vigor.

A Fiat oferece toda sua linha com prestações de R$ 13 por um ano e um mês. O cliente precisa dar 60% de entrada, pagar as 13 primeiras prestações no valor reduzido e o restante em 35 parcelas iguais.

Um Uno Vivace 1.0 de duas portas, modelo 2014/15, que à vista custa R$ 24.590, pode ser adquirido com entrada de R$ 14.750, 13 parcelas de R$ 13 e 35 de R$ 415.

A General Motors retomou campanha feita no ano passado de levar aos consumidores o mesmo desconto que oferece aos funcionários.

A ação oferece, por exemplo, o sedã Cruze 1.8 automático por R$ 69,9 mil, um desconto de R$ 3,79 mil em relação ao preço oficial.

O modelo pode ser pago com entrada de 60% e o restante em 24 prestações sem juros.

Na Volkswagen, o compacto up! Take tem desconto de R$ 2.680 e é oferecido a R$ 34.990. A Ford optou por esticar as parcelas e oferece o Ka com entrada de R$ 19.013 e 60 prestações de R$ 499. Outra opção são 24 parcelas de R$ 841.

Modelos de luxo também têm condições especiais de financiamento. A Volvo entrou na onda do juro zero e oferece o utilitário-esportivo XC60 T5 R-Design com 50% de entrada (R$ 96.975) e 18 parcelas fixas de R$ 5.585.

Os caminhões, cujas vendas despencaram 36,6% no acumulado até 15 de março em relação ao mesmo período de 2014, também estão em promoção.

O Accelo, caminhão de pequeno porte da Mercedes-Benz, tem desconto de R$ 12,1 mil e é vendido a R$ 114,9 mil.

A empresa subsidia parte do juro do Finame, que é de 0,93% ao mês, e opera com taxa de 0,76% em até 72 meses para a linha 2014.

"Há muita incerteza no mercado e queremos mostrar que há boas oportunidades, que o mundo não acabou", diz Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas da Mercedes.

"Vivemos um momento em que é preciso fazer uma corrente de otimismo, pois já tem bastante gente falando dos problemas."

Além da antecipação de compra em anos anteriores, do ajuste fiscal em andamento e do aperto nas condições de financiamento pelo BNDES, a crise política, os efeitos em cascata da Operação Lava Jato, a possibilidade de racionamento de energia e de água afetam a atividade dos principais setores demandantes de caminhões.

O economista Rodrigo Baggi, da Tendências Consultoria, explica que os efeitos da Lava Jato prejudicam o setor na medida em que afetam o mercado da construção - projetos de infraestrutura.

A menor rentabilidade do agronegócio e da mineração, em função da queda dos preços internacionais das commodities, também influencia negativamente. Colaborou Igor Gadelha. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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