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Biotecnologia

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h14.

O aproveitamento do potencial da biodiversidade oferece uma oportunidade de crescimento ao Brasil numa nova e promissora fronteira de negócios: a biotecnologia. "É uma vocação evidente para quem tem ativos naturais como os nossos", diz o economista José Roberto Mendonça de Barros. "O critério para os projetos de biotecnologia deve ser: quanto mais próximo da agricultura melhor, porque nos agronegócios já temos vantagem comparativa." Não é à toa que o projeto Genoma no Brasil esteja avançando nessa área, com descobertas sobre culturas como as da laranja, da cana-de-açúcar e do eucalipto.

Pesquisar o conhecimento de índios, seringueiros e ribeirinhos da região amazônica sobre as plantas é a proposta da Natura, a maior empresa brasileira de cosméticos e fitoterápicos, com faturamento de 1,6 bilhão de reais em 2001. "Investimos em etnobotânica para identificar alvos biológicos", afirma Pedro Luiz Passos, presidente executivo da Natura. "O Brasil tem de levar o conhecimento da natureza mais a sério. Precisamos de uma estratégia para usar e preservar recursos naturais."

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Há em atividade no país 304 empresas de biotecnologia, segundo levantamento feito pela Fundação Biominas para o Ministério da Ciência e Tecnologia. Além da afinidade com a agricultura, a cadeia da biotecnologia tem intersecção com áreas como a farmacêutica, a química, a de cosméticos e a alimentícia. O setor depende fundamentalmente de pesquisa para se desenvolver, o que significa montagem de custosos laboratórios e outros investimentos. "Chegar à patente de um fármaco extraído de uma planta brasileira é uma missão quase impossível", afirma Omilton Visconde Júnior, presidente da Biosintética, a maior produtora de medicamentos genéricos do país, com faturamento de 300 milhões de reais por ano. "Só a fase dos testes clínicos em 3 000 pessoas custa 300 milhões de dólares." Por isso, segundo ele, o Brasil dificilmente poderá ser um grande fabricante de farmoquímicos, mas possui ativos naturais para ser o maior celeiro de patentes de biotecnologia. "Não podemos ser uma General Motors, mas dá para ser a Ferrari das novas moléculas", afirma Visconde. "Temos de decidir se a natureza brasileira é um passivo ou um ativo."

Em janeiro deste ano, Visconde foi chamado a Brasília para conversar com o ministro Sérgio Amaral, do Desenvolvimento, sobre uma estratégia para o setor. Entre as medidas sugeridas para uma ação do governo estão a montagem de um sistema de apoio que facilite o depósito de patentes no exterior e o estímulo à parceria entre empresas para dividir os investimentos em pesquisa. Na área veterinária, os custos de desenvolvimento são bem mais leves do que na dos fármacos. O teste de princípios ativos em animais demanda em torno de 10 milhões de dólares. "Poderíamos montar uma rede de laboratórios para rachar a conta", diz Américo Martins Craveiro, diretor de tecnologia da Vallée, a maior fabricante nacional de produtos para saúde animal, de Montes Claros, Minas Gerais.

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