Economia

Valor do PIB alcança R$ 1,8 trilhão no ano passado

Brasil sobe três posições, para 12º lugar,;no ranking das maiores economias. Agricultura e indústria elevaram a participação na geração de riquezas do país, enquanto o setor de serviços recuou

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h28.

O valor do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro fechou 2004 em 1,8 trilhão de reais, superior ao 1,6 trilhão no ano retrasado. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já havia divulgado, no início de março, que o crescimento real do PIB foi de 5,2%, o maior desde 1994. De acordo com a consultoria GRC Visão, o país subiu três posições no ranking das maiores economias do mundo, para o 12º lugar. A consultoria estima que o PIB brasileiro corresponda a 605 bilhões de dólares, à frente dos 594 bilhões da Índia e atrás dos 622 bilhões da Austrália. Pelo lado da oferta, a agricultura e a indústria aumentaram sua participação na geração de riquezas do país, diante do recuo do setor de serviços. Para os analistas, um dado preocupante é a queda da participação do consumo das famílias no PIB.

Do valor total do PIB, no ano passado, 1,6 trilhão correspondeu ao valor adicionado pelas atividades econômicas, calculado pela diferença entre o custo de produção de um determinado bem e seu preço de venda. O restante do PIB, 185,1 bilhões de reais, foi composto por impostos sobre produtos (se você é assinante, leia também sobre o que falta para sustentar o crescimento do país em reportagem de EXAME).

Segundo o IBGE, o Brasil contava, no final do ano passado, com 181,586 milhões de habitantes. Assim, o PIB per capita atingiu 9 743 reais. A variação real, em relação a 2003, quando o PIB per capita era de 9 014 reais, foi de 3,7%.

Valor adicionado

O IBGE calcula o valor do PIB de duas formas: pelo lado da oferta, em que avalia a quantidade de riqueza gerada pelos agentes produtivos, e pelo lado da demanda, que indica a absorção dessas riquezas pelo país. Considerando-se a oferta, a agropecuária contribuiu com um valor adicionado de 159,7 bilhões de reais. O desempenho elevou a participação dessa atividade no PIB brasileiro de 9,9%, em 2003, para 10,1%, no ano passado. De acordo com Alex Agostini, economista da GRC Visão, esse setor foi favorecido pelo câmbio, que estimulou as exportações. "A tendência é que a agricultura ainda avance um pouco nos próximos anos, mas não muito", afirma.

Já a indústria gerou 616 bilhões de reais em valor adicionado, ou 38,9% do PIB. Sua participação manteve-se praticamente estável em relação a 2003, quando foi de 38,8%. De acordo com Agostini, essa estabilidade ainda reflete alguns resquícios da crise econômica que atingiu o país entre meados de 2002 e 2003, quando o PIB cresceu apenas 0,5%. O destaque ficou para a indústria de transformação, que representou 24% da geração de riquezas do setor.

As atividades de serviços responderam por 881,6 bilhões de reais em valor adicionado. A cifra equivale a 55,7% do valor adicionado, indicando uma queda de 1 ponto percentual em relação aos 56,7% de 2003. Entre as atividades que compõem esse setor, as que mais recuaram foram as instituições financeiras, cuja participação baixou de 7% para 6,6%; e os aluguéis de imóveis, que caíram de 10,2% para 9,4%.

Demanda

Para Agostini, o ponto principal dos números divulgados nesta quinta-feira (31/3) pelo IBGE é o novo recuo do consumo das famílias. No ano passado, essa conta somou 978 bilhões de reais, o equivalente a 55,3% do PIB. No ano anterior, a porcentagem foi de 56,7% (veja tabela abaixo). De acordo com o economista, o poder de consumo das famílias, que chegou a responder por dois terços do PIB em meados dos anos 80, vem retrocedendo devido às constantes crises econômicas e à condução econômica do país. "Para conter a inflação, a política monetária eleva os juros e compromete a capacidade de consumo dos brasileiros", afirma.

Em 1999, por exemplo, o consumo das famílias representava 62,3% do PIB, pelo lado da demanda, baixando para 60,9% em 2000, 60,5% em 2001, e 58% em 2002. De acordo com Agostini, o contraponto à postura do governo brasileiro é a estratégia do Federal Reserve (o banco central americano). "O Fed é um exemplo de que é possível conciliar expansão de consumo e combate à inflação", diz.

O consumo do governo somou 332,3 bilhões de reais. A participação desse item sobre o PIB também baixou de 19,9%, no ano retrasado, para 18,8%. Um aspecto positivo da pesquisa é o aumento dos investimentos produtivos, representado pela expansão da Formação Bruta de Capital Fixo, que alcançou 346,2 bilhões. Com isso, sua parcela no PIB equivaleu a 21,3%, contra 19,8% em 2003. A taxa, porém, ficou abaixo dos 21,5% registrados em 2000. A balança comercial de bens e serviços registrou superávit de 82,5 bilhões, elevando seu peso no PIB de 16,4% para 18% no ano passado.

Participação dos componentes da demanda no PIB
(em %)
Componentes
2004
2003
2002
2001
2000
1999
Consumo das Famílias
55,3
56,7
58,0
60,5
60,9
62,3
Consumo do Governo
18,8
19,9
20,1
19,2
19,1
19,1
FBCF + Variação de estoques
21,3
19,8
19,8
21,2
21,5
20,2
Exportações de Bens e Serviços
18,0
16,4
15,5
13,2
10,7
10,3
(-) Importações de Bens e Serviços
(-)13,3
(-)12,8
(-)13,4
(-)14,2
(-)12,2
(-)11,8
PIB
100
100
100
100
100
100
Fonte: IBGE
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