Aumento da demanda por causa da pandemia ocasiona falta de embalagens (Ambev/Divulgação)
Carla Aranha
Publicado em 10 de outubro de 2020 às 20h52.
Última atualização em 10 de outubro de 2020 às 21h20.
Em março, em plena quarentena da pandemia, as principais indústrias cervejeiras dos Estados Unidos previam o pior: uma queda drástica no consumo e um acúmulo de estoques, que precisariam ser descartados depois do fim do prazo de validade. Com os bares e restaurantes fechados, como no Brasil, a expectativa até que fazia sentido. Só que aconteceu o contrário, com muito mais gente comprando cerveja para consumir em casa.
O desafio, agora, é conseguir fabricar uma quantidade de embalagens que dê conta do aumento da demanda, algo para o qual o mercado aparentemente não estava preparado. Nos Estados Unidos, a previsão é que pode faltar cerveja, ao menos as artesanais.
A americana Ball Corporation, considerada a maior fabricante mundial de latinhas, afirmou em comunicado aos investidores que há uma carência de 10 milhões de latas de cerveja nos Estados Unidos, no momento. E a prioridade é para os clientes maiores, e não as pequenas cervejarias artesanais.
No Brasil, o mercado já vinha se preparando para a alta da demanda. A Ambev começou a operar sua primeira fábrica de latas no Brasil em setembro, mediante um investimento de 700 milhões de reais. A intenção é fabricar 1,5 bilhão de latas de alumínio por ano. A Ambev também decidiu construir novas fábricas em três cidades brasileiras, com a intenção de fornecer menos 6 bilhões de latas até o final de 2021.
É esperado um recorde de vendas da Ambev no terceiro trimestre do ano, com um aumento de 20% na produção apenas no mês de agosto, seguido de uma alta de 23% em julho e de 15% em junho, de acordo com relatório do banco Credit Suisse.
No Brasil, não há uma expectativa de falta de cerveja por uma quebra na produção de latinhas – ao menos, assim o mercado (e os consumidores) esperam.
Nos Estados Unidos, a história é diferente. A Ball Corpoaation está ampliando suas plantas de produção de embalagens de alumínio, mas as novas entregas deverão ser realizadas só a partir de 2021 – e a prioridade será para os grandes clientes, e não os fabricantes menores, de cervejas artesanais.