Trump pode ser como Dilma na economia, diz Washington Post
"As políticas que ele propõe são muito similares às de Dilma Rousseff", diz o texto assinado por Max Ehrenfreund no jornal americano.
João Pedro Caleiro
Publicado em 21 de novembro de 2016 às 17h12.
Última atualização em 21 de novembro de 2016 às 19h21.
São Paulo - Os planos econômicos de Donald Trump são parecidos com os de Dilma Rousseff e podem levar a uma crise lá assim como aqui.
É o que diz uma reportagem publicada hoje pelo Wonkblog do Washington Post, um dos mais prestigiados jornais americanos.
"Mais do que a plataforma de qualquer outro político americano, a agenda de Trump para a economia lembra a de políticos populistas lá fora. Em particular, as políticas que ele propõe são muito similares às de Dilma Rousseff", diz o texto assinado por Max Ehrenfreund.
Um exemplo é a expansão fiscal. Trump promete cortes de impostos e um grande programa de infraestrutura, enquanto alguns economistas apontam que isso pode causar mais déficit e inflação.
Dilma promoveu desonerações e crédito subsidiado para grandes empresas sem cortes equivalentes de gastos, o que levou a uma crise fiscal, estouro da inflação e recessão.
Trump é um crítico duro de acordos comerciais e já ameaçou aplicar tarifas altas sobre produtos estrangeiros, enquanto Dilma também levou a um maior fechamento da economia brasileira.
Claro que as diferenças são enormes. Os Estados Unidos têm uma economia mais diversa e muito mais margem para se endividar com o mercado financeiro, enquanto o Brasil teve que lidar com obstáculos extras como a Lava Jato e a queda das commodities.
Além disso, ninguém sabe até que ponto Trump vai conseguir (ou querer) tirar do papel a parte mais polêmica da sua agenda.
Trump e Dilma já haviam sido comparados por Marcos Troyjo, economista que dirige o BRICLab da Universidade Columbia em Nova York, em entrevista para EXAME.com na manhã seguinte da eleição.
"Levar essa visão de mundo do Trump para a Casa Branca é o equivalente do que aconteceu quando a Dilma levou para o Planalto e para o coração da economia brasileira a Nova Matriz Econômica. É você querer que os EUA cresçam com uma espécie de nacionalização do capital industrial ao contrário de uma estrutura de cadeias de produção global. É achar que os EUA vão ganhar mais competitividade se tornando mais protecionistas; isso vai gerar um efeito desagregador para os americanos tão grande quanto a Nova Matriz deixou no Brasil."