Economia

Trump oferece acordo comercial pós-Brexit ao Reino Unido

Objetivo é que futuro acordo reforce o comércio bilateral, mas qualquer melhora na balança a favor de um lado será às custas do outro

Boris Johnson e Donald Trump: Sobre o Brexit, Trump demonstrou seu apoio ao novo premiê em sua disputa contra os europeus (Pool/Getty Images)

Boris Johnson e Donald Trump: Sobre o Brexit, Trump demonstrou seu apoio ao novo premiê em sua disputa contra os europeus (Pool/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de agosto de 2019 às 07h14.

Última atualização em 26 de agosto de 2019 às 07h17.

São Paulo — O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu neste domingo, 25, a Boris Johnson um grande acordo comercial para o Reino Unido pós-Brexit e elogiou o novo primeiro-ministro britânico como o homem certo para tirar o país da União Europeia.

Johnson, que enfrentou a delicada tarefa de conquistar aliados europeus na cúpula do G7 na França, disse que as negociações comerciais com os EUA seriam difíceis, mas haveria grandes oportunidades para empresas britânicas nos EUA.

A repórteres, Trump disse que a adesão do Reino Unido à UE foi um empecilho aos esforços para estreitar os laços comerciais. "Vamos fazer um acordo comercial muito grande - maior do que jamais tivemos com o Reino Unido", afirmou ele. "Em algum momento, eles não terão o obstáculo - não terão a âncora no tornozelo, porque é isso que eles tinham. Então, teremos boas negociações comerciais e grandes números."

Com menos de três meses até o prazo de 31 de outubro, ainda não está totalmente claro como, quando ou mesmo se o Reino Unido deixará a UE. Opositores temem que o Brexit torne o Reino Unido mais pobre e divida o Ocidente, enquanto enfrenta a presidência não convencional de Trump e a crescente assertividade de Rússia e China.

Os partidários reconhecem que o divórcio pode trazer instabilidade a curto prazo, mas dizem que a longo prazo permitirá a Londres prosperar se for libertado do que lançou como uma tentativa condenada de forjar a unidade europeia.

Sobre o Brexit, Trump demonstrou seu apoio ao novo premiê em sua disputa contra os europeus. "É o homem certo para fazer o trabalho", disse ele em seu primeiro encontro.

Com um caloroso abraço, Johnson também afirmou que os dois países concluirão um "fantástico acordo comercial uma vez que os obstáculos sejam removidos".

Em sua primeira reunião com Johnson desde que este chegou ao cargo de premiê - apesar de já se conhecerem -, os dois líderes mostraram uma clara sintonia pessoal, principalmente do lado americano, que mantinha diferenças com Theresa May e neste domingo elogiou aquele que ficou conhecido como "Trump britânico", tanto por seu cabelo como por seus modos populistas.

O objetivo de ambas as partes é que o futuro acordo reforce o comércio bilateral, mas qualquer melhora na balança a favor de qualquer lado será às custas do outro. Em 2018, o comércio bilateral de produtos e serviços levou a um superávit de US$ 18,9 bilhões a favor dos EUA, segundo dados oficiais.

Os dois lados emitiram um comunicado conjunto no qual destacaram a histórica "relação especial" que Londres e Washington mantêm, especialmente no que se refere a segurança e defesa, e ressaltaram que o Brexit oferece "muitas oportunidades para aprofundar nossa relação econômica e comercial".

Saída confirmada

Boris Johnson disse ainda neste domingo ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que o Reino Unido deixará a União Europeia no dia 31 de outubro, independentemente das circunstâncias, segundo uma autoridade britânica.

Antes da reunião, Tusk e Johnson haviam discutido quem seria o culpado caso o Reino Unido deixasse a União Europeia em outubro sem um acordo de saída.

Johnson disse a Tusk que sua preferência ainda era buscar um acordo com a UE e repetiu que ele ainda estaria disposto a sentar e conversar com o bloco e os Estados-membros, disse a autoridade.

"O primeiro-ministro repetiu que deixaremos a UE no dia 31 de outubro, independentemente das circunstâncias, devemos respeitar o resultado do referendo", disse a autoridade.

Os dois se reunirão novamente na Assembleia Geral das Nações Unidas no mês que vem. Um funcionário da UE, que não quis ser identificado, disse que o encontro reafirmou posições conhecidas.

"O que idealmente esperávamos e procurávamos eram novos elementos para desvendar a situação", disse uma autoridade da UE. "Mas foi absolutamente cordial o tempo todo. Não foi difícil." Ele acrescentou, no entanto, que seria reconfortante que Johnson tivesse reiterado que queria chegar a um acordo.

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