Economia

Trens de luxo mostram ansiedade por gastos no Japão

As passagens para uma viagem de trem no Seven Stars em Kyushu, que pode custar US$ 4.000, estão esgotadas até junho

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2013 às 11h37.

Tóquio - Uma viagem de trem no Seven Stars em Kyushu pode custar 391.000 ienes (US$ 4.000).

Por esse preço, um passageiro paga três noites em uma suíte com revestimentos de nogueira e carvalho a bordo. Um vagão salão oferece sofás aveludados e um pianista que toca música de fundo ao vivo. O vagão restaurante oferece pratos assinados por Koji Shimomura, cujo restaurante em Tóquio recebeu duas estrelas do Guia Michelin. O serviço estreará em 15 de outubro. As passagens estão esgotadas até junho, informará a Bloomberg Businessweek na sua edição de 7 de outubro.

Pelo menos alguns japoneses acreditam que é seguro voltar a gastar.

O primeiro-ministro Shinzo Abe está atuando para alimentar a inflação, aumentar o gasto público e relaxar as regulamentações a fim de incentivar o gasto em consumo na terceira maior economia do mundo.

A previsão é que o PIB cresça 1,3 por cento no ano fiscal que começa em abril, acelerando para 1,5 por cento no ano fiscal de 2015, conforme a mediana de estimativas dos membros do conselho do Banco do Japão em agosto. Embora essas cifras não se comparem com o crescimento de dois dígitos das décadas de 1970 e 1980, elas superam as três recessões sofridas pelo Japão nos últimos cinco anos.

O mercado acionário japonês avançou 36 por cento neste ano até a semana passada. Cerca de 90 por cento das ações com os investidores particulares no Japão são propriedade de pessoas de cinquenta anos ou mais, disse Hideo Kumano, economista-chefe no Dai-ichi Life Research Institute.


“O programa econômico de Abe está ajudando a impulsionar as ações e isso dá um bônus às pessoas com mais idade”, disse Kumano. “Os idosos formam um grande mercado no Japão”.

O mercado de luxo está ansioso por atender a esses cidadãos com idade avançada e aos empresários mais jovens e ricos e suas famílias.

Ritz-Carlton

O número de turistas estrangeiros – em sua maioria de Hong Kong e Taiwan – atraídos pelo iene desvalorizado aumentou 23 por cento, chegando ao recorde de cinco milhões no primeiro semestre de 2013, informou a Organização Japonesa do Turismo em julho.

O mercado de artigos de luxo cresceu 8 por cento, totalizando US$ 27 bilhões no último ano fiscal, segundo a consultoria Bain Co. Esse apetite por bens e serviços de luxo provavelmente cresça enquanto o Japão se prepara para receber o fluxo de visitantes pelos Jogos Olímpicos de 2020, disse Takeshi Minami, economista-chefe na Norinchukin Research Institute Co., em Tóquio.

A Marriott International Inc. abrirá um hotel Ritz-Carlton em Tóquio e a Japan Airlines Co. expandiu seu serviço de voos domésticos de primeira classe.


“As pessoas estão procurando luxo, algo um nível acima do restante”, explica Dairo Murata, analista de varejo na JPMorgan Securities Japan Co.

Seven Stars

O trem de luxo Seven Stars da Kyushu Railway, com quatorze quartos distribuídos em sete vagões, viaja por volta da ilha ocidental de Kyushu. Os assentos na sala são rotativos, para que os passageiros possam desfrutar do cenário, incluindo vulcões e montanhas.

A East Japan Railway Co., a maior operadora ferroviária do país, seguirá os passos da Kyushu. A companhia contratou o ex-designer da Ferrari, Ken Okoyuma, para ajudar a criar seu próprio trem de luxo, que começará a operar em 2016.

Os serviços turísticos de luxo no Japão estão florescendo apesar de o salário médio não estar aumentando de forma constante desde a explosão da bolha de ativos no começo da década de 1990. Contudo, o otimismo é tal que alguns analistas não se importam com esse fato econômico deprimente.

“Não são necessários salários mais altos para incentivar os gastos”, disse Murata. “Os empresários e os turistas podem fazer isso”.

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