Tombini diz que o governo está fazendo ajustes necessários
"Temos de ter capacidade de explicar isso para a sociedade e sinalizar isso. Esse é o remédio", disse o presidente do Banco Central
Da Redação
Publicado em 15 de setembro de 2015 às 15h50.
Brasília - O presidente do Banco Central , Alexandre Tombini, afirmou que o governo está fazendo os ajustes necessários para tirar o Brasil da crise .
Ele ponderou, no entanto, que como todo ajuste clássico, primeiro vem o custo e depois os benefícios. "Temos de ter capacidade de explicar isso para a sociedade e sinalizar isso. Esse é o remédio", afirmou a senadores nesta terça-feira, 15, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos.
Tombini afirmou também que a manutenção de juros por tempo prolongado é estratégia do BC para a inflação ir à meta em 2016. "Não sei para que lado vão, no curto prazo, as taxas que praticamos hoje (Selic)", disse.
O presidente ressaltou que a preocupação da instituição é mitigar os efeitos inflacionários numa segunda rodada de aumento de preços.
"Estamos mitigando esses efeitos de segunda ordem", ressaltou, ao afirmar que o Banco Central não está preocupado com a inflação de itens específicos.
Questionado sobre trazer a inflação para a meta ainda em 2015, Tombini afirmou que, para que isso fosse possível, "seria necessário política extremamente agressiva".
O dirigente do BC disse ainda que "se a inflação se propagar, quem perde mais é o assalariado". Frisou também que o BC não tem como colocar uma taxa de juros de forma artificial como mais interessante para o Tesouro Nacional manejar o custo da dívida.
Mesmo assumindo que este ano a inflação irá superar o teto da meta, de 6,5%, Tombini respondeu em terceira pessoa sobre os encaminhamentos obrigatórios para comunicar ao Ministério da Fazenda as motivações do não cumprimento da meta.
"Se a inflação ficar acima da banda em 2015, o presidente do BC escreverá essa carta (aberta ao ministro da Fazenda)", afirmou.
Lindbergh
O senador petista Lindbergh Farias (RJ) mudou a postura hoje na CAE do Senado ao se pronunciar durante audiência pública com Tombini.
Ele mesmo abriu sua fala com a afirmação de que já participou de outras audiências públicas com o presidente do BC, defendendo a instituição.
Desta vez, no entanto, ele fez duros questionamentos a Tombini e afirmou que não vê uma saída econômica para o Brasil sem uma mudança de rumo da política monetária. "Mas agora vossa excelência está vestindo o figurino de falcão", considerou.
O parlamentar disse estar preocupado com a condução da política monetária, que elevou os juros, fazendo com que a dívida do País também crescesse.
"A gente está enxugando gelo", concluiu. Lindbergh citou também gastos com a Previdência, com pessoal e redução com investimentos, que chamou de "criminosa".
Citando a nota de política fiscal, que traz os gastos do Brasil com pagamento de juros, o senador enfatizou que no acumulado do ano até julho os juros nominais somaram R$ 288,6 bilhões.
No mesmo período de 2014, havia sido de R$ 148 bilhões. "Como é que um ajuste deste tamanho vai dar certo? Mas parece que no Brasil esse assunto é blindado", disse.
Para o petista, o fato de o BC ter mandato apenas de garantir a estabilidade monetária é um equívoco.
"O Fed (Federal Reserve, o BC norte-americano) também olha para geração de empregos", disse, acrescentando que tem um projeto de lei sobre esse tema. A mudança de postura do petista foi elogiada por colegas da oposição.
Já Eduardo Amorim salientou que o Brasil vive uma crise fiscal, econômica, inflacionária e moral. "O que deu errado? Faltou planejamento para estarmos na direção do fundo do poço", disse.
Brasília - O presidente do Banco Central , Alexandre Tombini, afirmou que o governo está fazendo os ajustes necessários para tirar o Brasil da crise .
Ele ponderou, no entanto, que como todo ajuste clássico, primeiro vem o custo e depois os benefícios. "Temos de ter capacidade de explicar isso para a sociedade e sinalizar isso. Esse é o remédio", afirmou a senadores nesta terça-feira, 15, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos.
Tombini afirmou também que a manutenção de juros por tempo prolongado é estratégia do BC para a inflação ir à meta em 2016. "Não sei para que lado vão, no curto prazo, as taxas que praticamos hoje (Selic)", disse.
O presidente ressaltou que a preocupação da instituição é mitigar os efeitos inflacionários numa segunda rodada de aumento de preços.
"Estamos mitigando esses efeitos de segunda ordem", ressaltou, ao afirmar que o Banco Central não está preocupado com a inflação de itens específicos.
Questionado sobre trazer a inflação para a meta ainda em 2015, Tombini afirmou que, para que isso fosse possível, "seria necessário política extremamente agressiva".
O dirigente do BC disse ainda que "se a inflação se propagar, quem perde mais é o assalariado". Frisou também que o BC não tem como colocar uma taxa de juros de forma artificial como mais interessante para o Tesouro Nacional manejar o custo da dívida.
Mesmo assumindo que este ano a inflação irá superar o teto da meta, de 6,5%, Tombini respondeu em terceira pessoa sobre os encaminhamentos obrigatórios para comunicar ao Ministério da Fazenda as motivações do não cumprimento da meta.
"Se a inflação ficar acima da banda em 2015, o presidente do BC escreverá essa carta (aberta ao ministro da Fazenda)", afirmou.
Lindbergh
O senador petista Lindbergh Farias (RJ) mudou a postura hoje na CAE do Senado ao se pronunciar durante audiência pública com Tombini.
Ele mesmo abriu sua fala com a afirmação de que já participou de outras audiências públicas com o presidente do BC, defendendo a instituição.
Desta vez, no entanto, ele fez duros questionamentos a Tombini e afirmou que não vê uma saída econômica para o Brasil sem uma mudança de rumo da política monetária. "Mas agora vossa excelência está vestindo o figurino de falcão", considerou.
O parlamentar disse estar preocupado com a condução da política monetária, que elevou os juros, fazendo com que a dívida do País também crescesse.
"A gente está enxugando gelo", concluiu. Lindbergh citou também gastos com a Previdência, com pessoal e redução com investimentos, que chamou de "criminosa".
Citando a nota de política fiscal, que traz os gastos do Brasil com pagamento de juros, o senador enfatizou que no acumulado do ano até julho os juros nominais somaram R$ 288,6 bilhões.
No mesmo período de 2014, havia sido de R$ 148 bilhões. "Como é que um ajuste deste tamanho vai dar certo? Mas parece que no Brasil esse assunto é blindado", disse.
Para o petista, o fato de o BC ter mandato apenas de garantir a estabilidade monetária é um equívoco.
"O Fed (Federal Reserve, o BC norte-americano) também olha para geração de empregos", disse, acrescentando que tem um projeto de lei sobre esse tema. A mudança de postura do petista foi elogiada por colegas da oposição.
Já Eduardo Amorim salientou que o Brasil vive uma crise fiscal, econômica, inflacionária e moral. "O que deu errado? Faltou planejamento para estarmos na direção do fundo do poço", disse.