Tombini articula no Senado para evitar rejeição a diretores
A crise instalada na articulação política está levando o presidente do Banco Central a negociar diretamente com o Senado a votação de nomes para diretorias
Da Redação
Publicado em 27 de março de 2015 às 20h57.
Brasília - A crise instalada na articulação política do Palácio do Planalto está levando o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, seguindo os passos do ministro da Fazenda, Joaquim Levy , a negociar diretamente com o Senado a votação dos nomes escolhidos para duas diretorias da autoridade monetária.
Fontes revelaram ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que Tombini iniciou as conversas na última terça-feira depois de ter participado de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
O presidente do BC já encaminhou ao Planalto os nomes de Tony Volpon para ocupar diretoria de Assuntos Internacionais e de Otávio Ribeiro Damaso para a área de Regulação. Cabe à Casa Civil pré-aprovar os nomes antes de levá-los ao Senado. Antes, porém, Tombini está ligando pessoalmente para senadores com os quais não conseguiu falar pessoalmente na CAE. "Só vi isso acontecer uma vez: com o (Henrique) Meirelles, no começo do governo Lula", comento um dos integrantes da CAE.
Tombini tem dito que a diretoria do BC está "sobrecarregada" sem dois membros e que gostaria de indicar os nomes dos substitutos após a Páscoa. Com receio de que o clima hostil no Congresso contamine a nomeação dos técnicos, Tombini encaminhará os nomes se os senadores concordem previamente em não rejeitá-los à revelia ao Planalto.
Outro membro da comissão afirmou que Tombini "tem razão" em pavimentar o terreno político antes de formalizar os nomes dos novos diretores, a exemplo do caminho trilhado por Levy para conseguir aprovar as medidas de ajuste fiscal. "Os caras têm razão porque a coisa (na articulação) com o Planalto está complicada", disse.
Um técnico do governo confirmou ao Broadcast que o chefe do BC está sondando os integrantes da CAE, o que não foi confirmado pela assessoria da instituição. Essa fonte argumentou, no entanto, que "com crise ou sem crise, esse é o ritual" sempre percorrido para aprovar diretores. "Estranho seria se ele (Tombini) não fizesse isso", disse.
Os senadores ouvidos pelo Broadcast afirmaram que dificilmente haverá rejeição aos nomes apontados por Tombini por duas razões: ele conversou antes de fazer as indicações e os cargos são burocráticos. Procurado, o BC preferiu não comentar.
Esvaziado
A cúpula da autoridade monetária está incompleta desde 5 de fevereiro, quando foi anunciada a saída de Carlos Hamilton Araújo da cadeira de Política Econômica. Enquanto a CAE não sabatinar os postulantes à diretoria do BC, a instituição segue tendo de administrar um cenário econômico complexo, com projeção de inflação em 7,9% ao fim do ano - acima do limite máximo tolerável (6,5%) -, e perspectiva de queda de 0,5% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2015.
Em meio a esse quadro há ainda a disparada do dólar frente o real e um grande programa de swaps, que precisa ser desfeito e que tem cerca de US$ 115 bilhões de estoque no mercado. O BC também precisa tomar outras decisões complexas que precisam como forma de apoio ao ajuste fiscal e correção de rumos da economia em implementação pela Fazenda.
Nesta última semana, essa diretoria incompleta teve de assumir publicamente que o quadro de 2015 é de estagflação, quadro formado por inflação em alta e queda na atividade. O novo diretor de Política Econômica, Luiz Awazu Pereira da Silva, não usou termos como estagflação, recessão e outros adjetivos quando apresentou as previsões do Banco Central para o ano no Relatório Trimestral de Inflação.
Awazu, contudo, desenhou um quadro que vai trazer muita pressão para a autoridade monetária e que, se confirmado, obrigará Tombini a escrever uma carta pública ao ministro da Fazenda explicando o porquê de não ter cumprido sua missão de controlar o custo de vida.
Brasília - A crise instalada na articulação política do Palácio do Planalto está levando o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, seguindo os passos do ministro da Fazenda, Joaquim Levy , a negociar diretamente com o Senado a votação dos nomes escolhidos para duas diretorias da autoridade monetária.
Fontes revelaram ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que Tombini iniciou as conversas na última terça-feira depois de ter participado de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
O presidente do BC já encaminhou ao Planalto os nomes de Tony Volpon para ocupar diretoria de Assuntos Internacionais e de Otávio Ribeiro Damaso para a área de Regulação. Cabe à Casa Civil pré-aprovar os nomes antes de levá-los ao Senado. Antes, porém, Tombini está ligando pessoalmente para senadores com os quais não conseguiu falar pessoalmente na CAE. "Só vi isso acontecer uma vez: com o (Henrique) Meirelles, no começo do governo Lula", comento um dos integrantes da CAE.
Tombini tem dito que a diretoria do BC está "sobrecarregada" sem dois membros e que gostaria de indicar os nomes dos substitutos após a Páscoa. Com receio de que o clima hostil no Congresso contamine a nomeação dos técnicos, Tombini encaminhará os nomes se os senadores concordem previamente em não rejeitá-los à revelia ao Planalto.
Outro membro da comissão afirmou que Tombini "tem razão" em pavimentar o terreno político antes de formalizar os nomes dos novos diretores, a exemplo do caminho trilhado por Levy para conseguir aprovar as medidas de ajuste fiscal. "Os caras têm razão porque a coisa (na articulação) com o Planalto está complicada", disse.
Um técnico do governo confirmou ao Broadcast que o chefe do BC está sondando os integrantes da CAE, o que não foi confirmado pela assessoria da instituição. Essa fonte argumentou, no entanto, que "com crise ou sem crise, esse é o ritual" sempre percorrido para aprovar diretores. "Estranho seria se ele (Tombini) não fizesse isso", disse.
Os senadores ouvidos pelo Broadcast afirmaram que dificilmente haverá rejeição aos nomes apontados por Tombini por duas razões: ele conversou antes de fazer as indicações e os cargos são burocráticos. Procurado, o BC preferiu não comentar.
Esvaziado
A cúpula da autoridade monetária está incompleta desde 5 de fevereiro, quando foi anunciada a saída de Carlos Hamilton Araújo da cadeira de Política Econômica. Enquanto a CAE não sabatinar os postulantes à diretoria do BC, a instituição segue tendo de administrar um cenário econômico complexo, com projeção de inflação em 7,9% ao fim do ano - acima do limite máximo tolerável (6,5%) -, e perspectiva de queda de 0,5% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2015.
Em meio a esse quadro há ainda a disparada do dólar frente o real e um grande programa de swaps, que precisa ser desfeito e que tem cerca de US$ 115 bilhões de estoque no mercado. O BC também precisa tomar outras decisões complexas que precisam como forma de apoio ao ajuste fiscal e correção de rumos da economia em implementação pela Fazenda.
Nesta última semana, essa diretoria incompleta teve de assumir publicamente que o quadro de 2015 é de estagflação, quadro formado por inflação em alta e queda na atividade. O novo diretor de Política Econômica, Luiz Awazu Pereira da Silva, não usou termos como estagflação, recessão e outros adjetivos quando apresentou as previsões do Banco Central para o ano no Relatório Trimestral de Inflação.
Awazu, contudo, desenhou um quadro que vai trazer muita pressão para a autoridade monetária e que, se confirmado, obrigará Tombini a escrever uma carta pública ao ministro da Fazenda explicando o porquê de não ter cumprido sua missão de controlar o custo de vida.