Economia

Tesouro e BC devem ficar vigilantes após acalmar mercados

Após acalmar os investidores com uma série de ações coordenadas esta semana, o Tesouro e o Banco Central devem reduzir as atuações nos próximos dias


	Operadores do mercado financeiro
 (Germano Lüders/EXAME.com)

Operadores do mercado financeiro (Germano Lüders/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 2 de outubro de 2015 às 16h38.

São Paulo - Após acalmar os investidores com uma série de ações coordenadas esta semana, o Tesouro Nacional e o Banco Central devem reduzir as atuações nos próximos dias, guardando munição para o caso de grandes surpresas.

Com uma série de atuações no mercado de câmbio e de dívida, as autoridades do BC e do Tesouro conseguiram baixar a cotação do dólar para menos de 4 reais e reduzir as taxas de juros nos mercados de dívida e futuros.

O desafio agora é ver se o mercado vai se equilibrar sem a atuação contínua das autoridades, disse o estrategista da corretora Icap, Juliano Ferreira.

"O Tesouro e o BC vão continuar observando os mercados e em 'stand by', voltando a agir se for necessário", disse ele.

O Tesouro concluiu nesta sexta-feira seu programa de intervenções diárias, comprando pouco mais de 20 por cento do total dos títulos que se dispôs a retirar do mercado e vendendo mais de metade dos papéis ofertados.

Ao mesmo tempo, pelo terceiro dia seguido, o BC realizou apenas leilão de rolagem de swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, sem ofertar novos swaps ou dólares com compromisso de recompra.

A atuação mais comedida do Tesouro e do BC contrasta com o ativismo visto na segunda metade do mês passado, quando preocupações com os quadros político e econômico do Brasil impulsionaram o dólar a quase 4,25 reais, um recorde intradia, e catapultaram as taxas de boa parte dos contratos de juros futuros acima de 16 por cento.

A turbulência levou o Tesouro a lançar operações diárias de recompra de NTN-Fs, títulos prefixados, e o BC a reforçar sua intervenção por meio de leilões de linha e vendas de novos swaps cambiais, algo que não fazia desde o fim de março.

A turbulência acendeu nas mesas de operação o debate sobre a possibilidade de o BC atuar vendendo dólares das reservas internacionais no mercado à vista.

A atuação no mercado à vista se mostrou desnecessária, no entanto, pois os investidores gradualmente se acalmaram após o presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini afirmar que as taxas de juros nos mercados não servirão de "guia" para a condução da política monetária e que "todos os instrumentos estão à disposição do BC" para conter a volatilidade.

"O que aconteceu é que desligou o modo 'pânico' que o mercado havia ligado", disse o estrategista de renda fixa da corretora Coinvalores, Paulo Celso Nepomuceno.

Desde então, o dólar voltou a operar perto de 4 reais e os DIs engataram sequência de três quedas consecutivas. Contribuiu para esse movimento algum alívio no cenário externo e no quadro político, com a presidente Dilma Rousseff anunciando reforma ministerial e administrativa.

Segundo operadores, o BC e o Tesouro agora têm espaço para voltar a agir de forma mais comedida. Eles ressaltam, no entanto, que o noticiário ainda pode reservar surpresas que reacendam as preocupações do mercado.

"O BC está tranquilo com os níveis dos últimos dias, não acredito que ele volte a entrar no mercado se o dólar continuar nesse patamar", disse a operadora da corretora Renascença Bruna Cosentino.

"Acredito que os únicos cenários em que o dólar volta a subir seriam incertezas políticas (no Brasil) e dados melhores nos EUA que indiquem aumento dos juros."

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