Tendência de alta dos juros deve persistir, diz Pérsio Arida
Política de aperto monetário do Banco Central deve persistir, com novas altas na taxa básica de juros, porque o Brasil esta crescendo mais do que poderia
Pérsio Arida: "a trajetória contracionista do BC vai continuar por um tempo razoavelmente bom" (Bia Parreiras/)
30 de agosto de 2013, 13h46
Campos do Jordão - A política de aperto monetário do Banco Central deve persistir, com novas altas na taxa básica de juros, porque o Brasil esta crescendo mais do que poderia, avalia o sócio e membro do conselho do BTG Pactual, Pérsio Arida, que foi presidente do Banco Central e do BNDES.
"A trajetória contracionista do BC vai continuar por um tempo razoavelmente bom", afirmou durante o 6º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais, em Campos do Jordão. Na última quarta-feira, o BC elevou a taxa de juros pela quarta vez seguida para 9 por cento.
Segundo Arida, o país não tem possibilidades de aquecer sua economia de forma saudável porque o mercado de trabalho não tem estrutura para atender o avanço econômico e porque fatores como a superindexação do salário mínimo e a política fiscal expansionista pressionam a inflação para cima.
"Os motivos para a taxa de juro subir são cristalinos", disse. Arida avalia que o desemprego deveria chegar a 6,5 a 7 por cento para permitir uma inflação estável, enquanto o avanço anual do PIB não poderia passar de 2 por cento.
Outro fator que pesa sobre a inflação e a desvalorização cambial, que ainda tem um "longo caminho a percorrer", uma vez que as taxas de juros nos Estados Unidos devem subir, mas a trajetória de fato ainda não começou. "As taxas nos EUA devem chegar a 3 ou 3,5 por cento, mas isso ainda vai ocorrer, e as taxas de juros fazem overshooting (exageram) sempre." Segundo o sócio do BTG, a preocupação do governo em relação às eleições presidenciais favorece a trajetória contracionista do Banco Central. "A maior preocupação do governo é com a inflação, e pelo motivo errado, que é a eleição no ano que vem", disse.
Arida defendeu que o cenário ideal seria uma política econômica que permitisse ao Banco Central reduzir os juros, com redução de gastos do governo e de impostos e mais investimentos.
Ele criticou a oferta de crédito subsidiado e a atuação agressiva dos bancos públicos no crescimento do crédito, pois isso "força os juros a serem mais altos do que poderiam ser".
"Se um bloco da população tem acesso a taxas muito baixas, para outros tem que ser mais cara. Todos nós pagamos esta conta via taxas de juros mais altas", afirmou.
Em meio à oscilação da Selic e ao avanço da inflação, a credibilidade do Banco Central está em franco declínio, segundo levantamento da consultoria Galanto, do Rio. A credibilidade da instituição caiu para menos de 10 por cento no mês passado, ante um pico de 90 por cento em 2007.
Mesmo com a alta do PIB acima do esperado no segundo trimestre, a Maua Investimentos revisou para baixo sua previsão para o PIB no terceiro trimestre, que era de alta de 0,1 por cento e passou para queda de 0,4 por cento, segundo Luiz Fernando Figueiredo, sócio da consultoria.
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