Economia

"Tempestade perfeita" na China deve beneficiar setor de carne do Brasil

Peste suína africana, coronavírus e a gripe aviária no país aumentará a demanda chinesa por carnes, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal

Frigorífico: como fonte segura de carnes, Brasil — que nunca registrou um caso de gripe aviária ou peste suína africana — deve se beneficiar da situação (Ricardo Benichio/Exame)

Frigorífico: como fonte segura de carnes, Brasil — que nunca registrou um caso de gripe aviária ou peste suína africana — deve se beneficiar da situação (Ricardo Benichio/Exame)

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Reuters

Publicado em 4 de fevereiro de 2020 às 06h46.

Última atualização em 4 de fevereiro de 2020 às 06h47.

São Paulo — A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) afirmou que uma "tempestade perfeita" de preocupações sanitárias e alimentares na China tende a alavancar a demanda por proteínas da América do Sul, fato que contribuiu para que ações de frigoríficos brasileiros subissem no pregão desta segunda-feira.

A China reportou um surto de gripe aviária no sábado, enquanto milhões de frangos enfrentam a perspectiva de desnutrição em meio ao isolamento ("lockdown") da província de Hubei, próxima ao epicentro da epidemia de coronavírus.

Isso ocorre em um momento em que os fornecedores chineses de carnes ainda lutam contra os efeitos da peste suína africana, doença mortal que dizimou quase metade da criação de porcos do país asiático, a maior do mundo.

"Peste suína africana, coronavírus e a gripe aviária influenciam os hábitos do consumidor e podem aumentar a demanda chinesa por carnes do Brasil", disse à Reuters o presidente da ABPA, Francisco Turra, em entrevista via telefone.

"Nossos representantes na China nos contam que a grande preocupação deles é a segurança alimentar."

Como fonte segura de carnes, o Brasil — que nunca registrou um caso de gripe aviária ou peste suína africana — deve se beneficiar da situação, segundo Turra.

Ele acrescentou que o país possui capacidade para atender ao menos parte da demanda adicional por frango importado, tendo processado cerca de 6 bilhões de aves no ano passado.

As ações da maior exportadora de frangos do mundo, a BRF, chegaram a avançar 6% nesta segunda-feira, antes de a empresa devolver ganhos, fechando com alta de 3,4%. Já os papéis da rival JBS subiram até 3,7% na B3, embora tenham encerrado a sessão com avanço de 2%.

A Bloomberg noticiou na quinta-feira, citando cartas da associação de produtores de aves de Hubei, que o "lockdown" da província ameaça mais de 300 milhões de frangos, devido à iminente escassez de ração.

Turra disse que a ameaça vem em um momento em que a China tenta ampliar a produção local de frango, visando a substituição da carne de porco — cuja produção recuou fortemente por causa da peste suína-- pela de aves.

Antes dos problemas associados ao coronavírus e à gripe aviária, era esperado que a China produzisse cerca de 12 milhões de toneladas de frango neste ano, enquanto o Brasil tende a produzir por volta de 14 milhões de toneladas, disse Turra.

No ano passado, as importações de frango brasileiro pela China avançaram 34%, enquanto os embarques de carne suína saltaram 61%, de acordo com dados da ABPA.

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