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Temor dos bancos ameaça frear recuperação na Espanha

Segundo o Banco de Espanha, créditos a particulares caíram 4% em novembro e 8,3% às empresas

Espanha: é difícil para os bancos recuperar a confiança já que a morosidade — os empréstimos não devolvidos — estão no maior nível em 50 anos (Susana Vera/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 14 de janeiro de 2014 às 16h49.

Madri - Preocupados com o alto desemprego e as quebras, os bancos espanhóis não abriram completamente a fonte dos créditos, ameaçando a frágil recuperação do país, alertam economistas e organismos internacionais.

"A solvência do setor financeiro espanhol melhorou consideravelmente, mas este continua sem exercer seu imprescindível papel de suporte à economia, pois o fluxo de crédito a famílias e empresas não se recuperou", disse um estudo publicado nesta terça-feira pela escola de negócios Esade.

"Há uma escassez de crédito desde meados de 2009", disse o autor do estudo, Josep Manel Comajuncosa, que alerta que o crédito "foi decrescendo, tanto para as famílias como, sobretudo, para as pequenas e médias empresas".

Segundo o Banco de Espanha, os créditos a particulares caíram 4% em novembro e 8,3% às empresas, apesar de o país ter deixado para trás dois anos de recessão no terceiro trimestre de 2013.

A Espanha , que recebeu uma ajuda europeia de 41,3 bilhões de euros para sanear os bancos, é objeto de elogios dos analistas por seu ambicioso trabalho de reformas, embora socialmente isso tenha tido um alto preço.

Contudo, nos últimos meses se multiplicam os alertas.

Os créditos na Espanha sofrem uma das "maiores contrações entre as economias desenvolvidas", alertou recentemente o Fundo Monetário Internacional (FMI), que instou o governo espanhol a "estimular a capacidade dos bancos a emprestar".


"O acesso ao crédito bancário é excessivamente restritivo", disse Ángel Gurría, secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em 2011 e 2012, os créditos a pequenas e médias empresas diminuíram 17%.

"Os créditos, principalmente a empresas, continuam caindo de forma substancial", disse preocupada a Comissão Europeia, que pensa que "talvez estejam próximos de tocar o fundo".

Contudo, os bancos ainda estão impactados pelo estouro da bolha imobiliária em 2008, que deixou suas contas cheias de ativos tóxicos.

"O problema está no fato de que, quando a economia não cresce, ou o faz de forma muito moderada, o crédito também não pode crescer", explica uma porta-voz da Associação Espanhola de Bancos (AEB).

Em um país onde o desemprego afeta uma pessoa em cada quatro da população ativa e as quebras de empresas continuam crescendo, "existe um problema de quantidade e de qualidade da demanda".

"Por um lado, a demanda de crédito por parte do setor privado continua sendo muito frágil e, por outro, a solvência de empresas e famílias piorou em relação a sua situação anterior à crise", disse a fonte.

A dívida contraída por particulares e empresas durante a bonança econômica precisa agora ser reembolsada.

Segundo o Esade, a desalavancagem das dívidas privadas passou de 85% do PIB em 2010 a 79% e o das empresas de 148% em 2010 a 143% no final de 2012.

É difícil para os bancos recuperar a confiança já que a morosidade — os empréstimos não devolvidos — estão no maior nível em 50 anos.

"Os dados mostram que há empresas solventes que não obtém créditos", disse Comajuncosa.

"Claro, se uma empresa não é solvente, é razoável que um banco não lhe dê crédito, mas se uma empresa está nessa situação e o banco não dá, isso é um problema porque contrai a atividade econômica", alerta.

Para este ano, a previsão é de que a economia cresça entre 0,5% e 1%, e pode ser nulo em 2015, se a situação do crédito não melhorar, alerta.

"Os bancos fecharam absolutamente o crédito", disse María José Landaburu, secretária geral da União de Associações de Trabalhadores Autônomos e Empreendedores (UATAE), "e a situação neste momento é que a 90% dos autônomos que solicitam crédito ainda continuam sem concedê-lo".

A questão de solvência "é uma desculpa" porque "o negócio bancário se baseia no risco", disse, lamentando os efeitos de sua extrema prudência. Desde o começo da crise fecharam "90 empresas por dia, e a causa, em muitas ocasiões, é a falta de crédito", alega.

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Madri - Preocupados com o alto desemprego e as quebras, os bancos espanhóis não abriram completamente a fonte dos créditos, ameaçando a frágil recuperação do país, alertam economistas e organismos internacionais.

"A solvência do setor financeiro espanhol melhorou consideravelmente, mas este continua sem exercer seu imprescindível papel de suporte à economia, pois o fluxo de crédito a famílias e empresas não se recuperou", disse um estudo publicado nesta terça-feira pela escola de negócios Esade.

"Há uma escassez de crédito desde meados de 2009", disse o autor do estudo, Josep Manel Comajuncosa, que alerta que o crédito "foi decrescendo, tanto para as famílias como, sobretudo, para as pequenas e médias empresas".

Segundo o Banco de Espanha, os créditos a particulares caíram 4% em novembro e 8,3% às empresas, apesar de o país ter deixado para trás dois anos de recessão no terceiro trimestre de 2013.

A Espanha , que recebeu uma ajuda europeia de 41,3 bilhões de euros para sanear os bancos, é objeto de elogios dos analistas por seu ambicioso trabalho de reformas, embora socialmente isso tenha tido um alto preço.

Contudo, nos últimos meses se multiplicam os alertas.

Os créditos na Espanha sofrem uma das "maiores contrações entre as economias desenvolvidas", alertou recentemente o Fundo Monetário Internacional (FMI), que instou o governo espanhol a "estimular a capacidade dos bancos a emprestar".


"O acesso ao crédito bancário é excessivamente restritivo", disse Ángel Gurría, secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em 2011 e 2012, os créditos a pequenas e médias empresas diminuíram 17%.

"Os créditos, principalmente a empresas, continuam caindo de forma substancial", disse preocupada a Comissão Europeia, que pensa que "talvez estejam próximos de tocar o fundo".

Contudo, os bancos ainda estão impactados pelo estouro da bolha imobiliária em 2008, que deixou suas contas cheias de ativos tóxicos.

"O problema está no fato de que, quando a economia não cresce, ou o faz de forma muito moderada, o crédito também não pode crescer", explica uma porta-voz da Associação Espanhola de Bancos (AEB).

Em um país onde o desemprego afeta uma pessoa em cada quatro da população ativa e as quebras de empresas continuam crescendo, "existe um problema de quantidade e de qualidade da demanda".

"Por um lado, a demanda de crédito por parte do setor privado continua sendo muito frágil e, por outro, a solvência de empresas e famílias piorou em relação a sua situação anterior à crise", disse a fonte.

A dívida contraída por particulares e empresas durante a bonança econômica precisa agora ser reembolsada.

Segundo o Esade, a desalavancagem das dívidas privadas passou de 85% do PIB em 2010 a 79% e o das empresas de 148% em 2010 a 143% no final de 2012.

É difícil para os bancos recuperar a confiança já que a morosidade — os empréstimos não devolvidos — estão no maior nível em 50 anos.

"Os dados mostram que há empresas solventes que não obtém créditos", disse Comajuncosa.

"Claro, se uma empresa não é solvente, é razoável que um banco não lhe dê crédito, mas se uma empresa está nessa situação e o banco não dá, isso é um problema porque contrai a atividade econômica", alerta.

Para este ano, a previsão é de que a economia cresça entre 0,5% e 1%, e pode ser nulo em 2015, se a situação do crédito não melhorar, alerta.

"Os bancos fecharam absolutamente o crédito", disse María José Landaburu, secretária geral da União de Associações de Trabalhadores Autônomos e Empreendedores (UATAE), "e a situação neste momento é que a 90% dos autônomos que solicitam crédito ainda continuam sem concedê-lo".

A questão de solvência "é uma desculpa" porque "o negócio bancário se baseia no risco", disse, lamentando os efeitos de sua extrema prudência. Desde o começo da crise fecharam "90 empresas por dia, e a causa, em muitas ocasiões, é a falta de crédito", alega.

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