Economia

Subir juros não é suficiente para conter inflação, diz FHC

"Tem de ser uma combinação da política monetária, com a taxa de juros, com uma política fiscal. Tem de ser uma combinação das duas", afirmou o ex-presidente


	Para o ex-presidente, a afirmação do economista Delfim Netto, de que há uma "esculhambação" nas contas públicas e de que deve haver austeridade por parte do governo para "recuperar a credibilidade", está correta
 (Branca Nunes/Veja)

Para o ex-presidente, a afirmação do economista Delfim Netto, de que há uma "esculhambação" nas contas públicas e de que deve haver austeridade por parte do governo para "recuperar a credibilidade", está correta (Branca Nunes/Veja)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 15h39.

São Paulo - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse, nesta quinta-feira, 13, que a inflação, que em maio atingiu o teto da meta no acumulado de 12 meses, 6,5%, não está fora de controle e pode ser controlada com "relativa facilidade".

Para isso, defendeu que a política monetária de aumento na taxa de juros, que passou de 7,5% para 8% ao ano na última reunião do Comitê de Política Econômica (Copom), não é suficiente. "Tem de ser uma combinação da política monetária, com a taxa de juros, com uma política fiscal. Tem de ser uma combinação das duas", afirmou.

Para o ex-presidente, fazer essa política fiscal não significa editar no Brasil políticas semelhantes às utilizadas na Europa para conter a crise, que propõe uma austeridade fiscal que pode barrar investimentos públicos. "Claro que um país como o Brasil vai ter sempre algum déficit, simplesmente tem de ter transparência. Faz o déficit para quê? Tem de explicar. Por exemplo, essa política de favorecer grandes empresas nacionais justifica-se em momentos excepcionais, em casos excepcionais, como regra não", afirmou.

Segundo FHC, para unir essas políticas basta que o governo tome a decisão de fazê-las. "Esse governo não parece ter essa decisão. Talvez seja obrigado pelas circunstâncias".

Para o ex-presidente, a afirmação do economista Delfim Netto, de que há uma "esculhambação" nas contas públicas e de que deve haver austeridade por parte do governo para "recuperar a credibilidade", está correta. "Acho que é isso mesmo (esculhambação). Por causa da falta de crença nas contas públicas (do governo) e por causa da maquiagem que está sendo feita. No caso, eles não são transparentes com o que fazem. Estão usando o tesouro demais para financiar o BNDES e ele passar depois para o setor privado (o dinheiro)", disse.

Indagado sobre os boatos de uma possível saída do ministro Guido Mantega da Fazenda, FHC preferiu não comentar. "Isso é problema da Dilma (Rousseff, presidente da República)".

Acompanhe tudo sobre:Fernando Henrique CardosoGoverno DilmaInflaçãoJurosPersonalidadesPolítica fiscalPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileiros

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor