Economia

Política industrial terá pouco efeito, diz Mailson

O governo federal acertou ao definir uma política industrial comprometida com a inovação tecnológica, mas isso não significa que ela terá impacto significativo no crescimento econômico. A avaliação é do ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega, sócio da consultoria Tendências. "Esperar muita coisa da política industrial é ilusão", afirma. Segundo o economista, o governo ainda […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h30.

O governo federal acertou ao definir uma política industrial comprometida com a inovação tecnológica, mas isso não significa que ela terá impacto significativo no crescimento econômico. A avaliação é do ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega, sócio da consultoria Tendências. "Esperar muita coisa da política industrial é ilusão", afirma.

Segundo o economista, o governo ainda peca por acreditar que o Estado tem capacidades que já não existem mais. "Não dá para criticar muito, porque o governo Lula tem a obrigação política de fazer algo diferente do governo Fernando Henrique, e não há instrumentos para fazer algo muito diferente", diz Nóbrega.

Essa falta de instrumentos ficaria evidente, segundo o economista, pelo pequeno volume de recursos que o governo conseguiu mobilizar. "Investir 500 milhões de reais é meio ridículo, com um PIB do tamanho do nosso", afirma Nóbrega (ao anunciar a política industrial, o governo garantiu 550 milhões em investimento e 14,5 bilhões em financiamento). "Deve-se louvar a visão de que inovação tecnológica é importante, mas esse pequeno investimento mostra quão limitada é a capacidade de ação do Estado, mesmo quando na direção certa".

Na opinião do ex-ministro, os esforços do governo teriam mais efeito se fossem dirigidos ao ganho de eficiência da máquina estatal. "O agronegócio é o setor de maior sucesso no país e não teve uma política agronegocial, ele se beneficiou de economia estável, redução da inflação, abertura de mercado e inovação tecnológica", afirma Nóbrega.

De acordo com ele, não é possível reproduzir hoje o que outros países fizeram há décadas. O ex-ministro lembra que a Índia melhorou sua mão-de-obra durante décadas, até exportando cérebros, antes de se tornar referência em serviços em software. A Coréia do Sul, outro exemplo de país com ritmo forte de desenvolvimento freqüentemente citado no Brasil, universalizou o ensino básico nos anos 60, antes de iniciar sua arrancada como um dos países mais inovadores do mundo. "Fico pasmo de alguém achar que podemos simplesmente copiar o modelo coreano", diz Nóbrega.

A NOVA POLÍTICA INDISTRIAL TEM...
... 57 medidas, divididas do seguinte modo:
12 entidades, como laboratórios e conselhos, criadas ou reforçadas
8 aperfeiçoamentos de legislação e ambiente de negócios
5 simplificações ou desonerações tributárias
5 linhas de financiamento
8 incentivos de tipos variados
19 anúncios de intenções, como programas de incentivo, sem metas definidas
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