S&P diz que Argentina deu "calote seletivo" e rebaixa nota do país
Agência de classificação de risco rebaixou a nota do país de B- para SD- depois que vizinhos latinos pediram renegociação da dívida com o FMI
EFE
Publicado em 30 de agosto de 2019 às 06h19.
Última atualização em 30 de agosto de 2019 às 07h56.
Buenos Aires - A Standard & Poor's (S&P) decidiu nesta quinta-feira, 30, rebaixar a nota da Argentina de B- para SD-, que, pelos critérios adotados pela agência de classificação de risco, significa que o país entrou em "calote seletivo".
O rebaixamento da nota de classificação de risco da dívida da Argentina foi tomada depois de o governo do país informar ontem que pediu ao Fundo Monetário Internacional (FMI) uma mudança dos vencimentos do empréstimo de US$ 57 bilhões concedido no ano passado e que atrasará o pagamento da dívida de curto prazo com investidores institucionais.
No comunicado em que anunciou o rebaixamento da nota, a S&P citou entre os motivos a incapacidade do governo da Argentina de seguir pagando as dívidas de curto prazo com o setor privado. "Isso é 'default', segundo os nossos critérios", disse a agência.
Outra razão elencada pela agência é o fato de o governo de Mauricio Macri estar buscando a "aprovação do Congresso para desenhar uma possível extensão do vencimento de todas as dívidas a longo prazo no resto do seu mandato atual".
"As maiores vulnerabilidades do perfil creditício da Argentina provêm do entorno financeiro, que se deteriora rapidamente, da falta de confiança nos mercados financeiros sobre as iniciativas políticas da próxima administração e da incapacidade do Tesouro de lidar com a dívida a curto prazo com o setor privado", completou a agência no comunicado.
Ao anunciar as medidas ontem, o novo ministro da Fazenda da Argentina, Hernán Lacunza, explicou que o objetivo de estender os prazos de vencimento das dívidas de curto, médio e longo prazo é dispor de reservas suficientes para garantir a estabilidade cambial e conter a desvalorização do peso frente ao dólar.
A crise financeira se agravou depois das eleições primárias de 11 de agosto. O opositor Alberto Fernández venceu Macri - visto como pró-mercado - por uma margem de 15 pontos percentuais. O triunfo do candidato peronista gerou pânico entre os investidores, derrubando a Bolsa de Comércio de Buenos Aires e fazendo o risco-país disparar.