Siderurgia: perdas apenas no período da greve chegam a R$1,1 bilhão (Sean Gallup/Getty Images/Getty Images)
Agência Brasil
Publicado em 6 de junho de 2018 às 20h06.
Última atualização em 6 de junho de 2018 às 22h39.
A indústria de siderurgia estima que a tabela de frete mínimo definida pelo governo federal como uma das medidas para pôr fim à greve dos caminhoneiros pode resultar em um prejuízo de R$3,2 bilhões ao setor, pois o tabelamento diminui as margens de negociação.
As perdas apenas no período da greve chegam a R$1,1 bilhão. Os números foram divulgados hoje (6) pelo presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello, em coletiva de imprensa na capital paulista.
Para a indústria química, apesar de nenhum polo petroquímico ter sido paralisado, os prejuízos com a greve alcançaram R$ 954 milhões, informou o presidente-executivo da Associação Brasileira de Indústria Química (Abiquim), Fernando Figueiredo.
Os representantes dos dois setores criticaram também as mudanças, anunciadas pelo governo federal, principalmente a redução de 2% para 0,1% da alíquota do Regime Especial de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra), programa que devolve aos exportadores parte dos impostos cobrados na cadeia de produção, uma das medidas tomadas para suprir as despesas oriundas do acordo com os caminhoneiros. Mello disse que o setor judicializará a questão.
"É uma das medidas compensatória mais grave, porque o governo insiste em classificar o Reintegra como se fosse incentivo fiscal, um benefício concedido ao setor, quando se sabe que é um mecanismo de ressarcimento de resíduo tributário", disse Mello. Segundo o presidente do Instituto Aço Brasil, esse resíduo na siderurgia chega a 7%.
A extinção do Regime Especial da Indústria Química (Reiq) também foi criticada pelo presidente da associação do setor. "Fomos penalizados duas vezes", disse. Mello destacou que a Medida Provisória 836 de 30 de maio deste ano surpreendeu o setor e deve gerar perdas de R$ 3 bilhões até 2021, além do fechamento de plantas e de postos de trabalho.
O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, calcula que o aumento do custo mínimo da produção deve ser de 5% a 8% no mercado internacional.
"É muita coisa. Todos os aspectos negativos estão ocorrendo ao mesmo tempo". Ele avalia que isso coloca em risco a retomada do crescimento econômico brasileiro.
A Agência Brasil entrou em contato com a Casa Civil do governo federal, mas não houve retorno até a publicação da reportagem.
A greve dos caminhoneiros, que começou em 21 de maio e durou 11 dias, afetou as exportações do país no período, a economia nacional, prejudicou diversos setores e causou desabastecimento de combustível e de diversos produtos no país.
O governo, após negociações, fechou um acordo com os caminhoneiros em que, entre outros pontos, prevê redução do diesel em R$0,46 pelo prazo de 60 dias e, após esse período, o combustível será reajustado mensalmente, isenção da cobrança de pedágio dos caminhões que trafegarem com eixo suspenso e o estabelecimento de um frete mínimo rodoviário.
Para suprir as despesas oriundas do acordo com os caminhoneiros, o governo federal vai reduzir incentivos fiscais para exportadores e as indústrias química e de refrigerante, cortar recursos em praticamente todas as áreas do governo, incluindo programas, e pôr em prática um programa de subvenção econômica à comercialização do óleo diesel.