Serasa: economia cresce menos e justifica atuação do BC
Para economista da entidade, segunda queda consecutiva no avanço do PIB motivou aumento mais "brando" dos juros
Da Redação
Publicado em 23 de julho de 2010 às 12h45.
São Paulo - Para os economistas da Serasa, o atual cenário econômico no Brasil é de desaceleração. O indicador mensal de atividade econômica monitorado pela entidade mostrou queda de 0,1% no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em maio, na comparação com abril. Segundo os especialistas, o momento justifica, inclusive, o último aumento de juros promovido pelo Banco Central (BC), menos intenso do que os dois anteriores.
De acordo com o indicador, a redução observada em maio é a segunda consecutiva. Em abril, houve recuo de 0,2%. "O BC já percebeu que a economia começou a andar mais lentamente. Além disso, a inflação caiu nos últimos meses", diz o economista Luís Rabi, da Serasa.
Os números trimestrais reforçam o argumento de Rabi, mostrando que houve perda de ritmo de expansão. No período entre fevereiro e abril, o PIB cresceu 2,4%. Entretanto, entre março e maio, o índice teve um desempenho menor, ficando em 1,9%.
Rabi explica que o freio no crescimento é fruto da grande aceleração e de uma antecipação no consumo, observadas no primeiro semestre do ano. "Quando o governo anunciou o fim da isenção IPI sobre os automóveis, houve um deslocamento no tempo, tanto da decisão de compra das pessoas, quanto da produção das empresas. Tivemos um crescimento bem acima da média. Agora, é natural que haja um resfriamento", explica o economista.
O esperado é que, passado o segundo trimestre, a economia volte a crescer de forma constante, até o fim do ano. "Devemos voltar a um ritmo normal, que é de cerca de 0,4% ao mês. Na média do ano, o PIB brasileiro vai fechar em algo em torno de 7%, porque o início do ano foi muito forte."
Entretanto, se considerarmos um horizonte de 12 meses, contando a partir deste segundo semestre, a expectativa é que a economia cresça em torno de 5%. Quanto a 2011, Rabi afirma que ainda é cedo para estimativas. "Embora o país consiga crescer até 6% ao ano em condições normais, muito do comportamento do PIB dependerá de quem assumir a presidência, e de qual será a política econômica adotada."
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