Economia

“Sem grupo de risco, não há retomada”: perfil chefia 28% das famílias

Idosos e portadores de doenças crônicas são 80 milhões de brasileiros; juntos, movimentam R$ 2,1 trilhões por ano, mais do que classes A, B e C isoladamente

Cabeleireiro e cliente, ambos do grupo de risco, após a flexibilização das medidas de quarentena em São Paulo, em 06 de julho de 2020. (Miguel Schincariol/Getty Images)

Cabeleireiro e cliente, ambos do grupo de risco, após a flexibilização das medidas de quarentena em São Paulo, em 06 de julho de 2020. (Miguel Schincariol/Getty Images)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 12 de julho de 2020 às 08h00.

Última atualização em 17 de julho de 2020 às 09h32.

Quase 30% das famílias brasileiras (19 milhões) são chefiadas por alguém com perfil de risco para covid-19, segundo estudo do Instituto Locomotiva cedido com exclusividade para a Exame.

Idosos e pessoas com doenças crônicas, como diabetes e asma, são 80 milhões de brasileiros, ou seja 40% de toda a população do país. Juntos, movimentam 2,1 trilhões de reais por ano em renda própria, mais do que gastam, isoladamente, as classes A, B e C.

Desse grupo dos mais vulneráveis, 30 milhões têm 60 anos ou mais e 50 milhões, menos de 60 anos. Esses dois movimentam 1 trilhão de reais e 1,1 trilhão de reais, respectivamente.

A saúde dessas pessoas, diz o estudo, se refletirá na economia do país, e qualquer projeto de retomada deveria colocar essa enorme fatia da população no centro. “Há uma falsa discussão entre saúde e retomada, que fica escancarada nesses números”, diz Renato Meirelles, presidente do instituto e autor do estudo: “Sem grupo de risco, não tem retomada”.

Aos poucos, os estados brasileiros têm relaxado as regras de distanciamento social impostas contra a disseminação da covid-19. Estudo anterior do Locomotiva mostrou que, esse processo acaba forçando 60 milhões do grupo de risco a voltar a trabalhar, pois dependem da rotina para sobreviver.

Um quarto do grupo de risco é composto por trabalhadores por conta própria, 12% dessas pessoas estão desempregadas atualmente e 7% em empregos informais, diz a pesquisa.

Embora o Ministério da Saúde já fale em estabilização, a média de confirmações diárias de mortes no país gira em torno dos 1.000 há um mês, o que indica que ainda não passou pelo pior da doença.

No sexta-feita, o Brasil passou a marca de 70.000 mortes e ontem chegou a 71.492, segundo levantamento do consórcio de imprensa. São 1.840.812 casos confirmados.

Favoráveis ao isolamento

Mas, mesmo diante das dificuldades, as pessoas do grupo de risco valorizam o cuidado e a preocupação com a saúde neste momento, mostra o levantamento.

85% dos brasileiros do grupo de risco acreditam que a maior preocupação deve ser com a saúde e não com a economia, contra 77% da população fora do grupo de risco.

79% deles são favoráveis ao isolamento horizontal contra 72% da população fora do grupo de risco

A pesquisa ouviu 2.000 brasileiros com 16 anos ou mais de todas as regiões do Brasil, por telefone, entre os dias 20 a 25 de maio. A margem de erro é de dois pontos percentuais para cima e dois para baixo.

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