Selic no fim de 2023 segue em 12% ao ano, aponta Focus
Boletim trouxe melhora na projeção de crescimento econômico para este ano
Agência de notícias
Publicado em 17 de julho de 2023 às 09h41.
Última atualização em 17 de julho de 2023 às 09h41.
A expectativa para a taxa Selic no fim deste ano ficou estável no Boletim Focus. A mediana para os juros básicos no fim de 2023 continuou em 12,00%. Para o término de 2024 também se manteve, em 9,50%. Há um mês, as estimativas eram de 12,25% e 9,50%, nessa ordem. Atualmente, a Selic está em 13,75% ao ano.
Considerando apenas as 41 respostas dos últimos cinco dias úteis a mediana para o fim de 2023 também continuou em 12,00%. Para o fim de 2024, seguiu em 9,50%, com 41 atualizações na última semana.
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Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de junho, o Banco Central (BC) expôs que a maioria do colegiado já vê condições para uma queda de juros na próxima reunião, em agosto, se o processo desinflacionário e de reancoragem de expectativas continuar.
Em entrevista coletiva após o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que o comunicado, na avaliação do colegiado, já tinha deixado essa "porta aberta", apesar de o texto não ter trazido sinalização clara sobre o assunto.
O boletim ainda mostrou que a projeção para a Selic no fim de 2025 continuou em 9,00%, mesma mediana de quatro semanas atrás. Já a projeção para a Selic no fim de 2026 seguiu em 8,75%, mesmo patamar de um mês antes.
IPCA
Após a deflação de 0,08% no IPCA de junho, a expectativa inflacionária para 2023 ficou estável em 4,95% no Boletim Focus. Um mês antes, a mediana era de 5,12%. Para 2024, foco da política monetária, a projeção continuou em 3,92%. Há um mês, era de 4,00%.
Considerando somente as 60 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 variou de 4,90% para 4 92%. Para 2024, por sua vez, a projeção de alta seguiu em 3,83%, considerando também 60 atualizações no período.
Nos horizontes mais longos, a mediana para o IPCA de 2025 passou de 3,60% para 3,55%. Por outro lado, houve manutenção na estimativa para 2026, em 3,50%. Há um mês, ambas as projeções eram de 3,80%.
No fim de junho, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou a meta inflacionária de 2026 em 3,0%, com intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%, assim como nos anos de 2024 e 2025. Para 2023, o alvo central é de 3,25%, com piso de 1,75% e teto de 4,75%.
Com a manutenção do patamar de 3,0%, se encerrou a dúvida que trazia ansiedade ao mercado financeiro desde o início do ano, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva levantou questionamentos sobre se esse nível seria adequado à economia brasileira. A incerteza sobre o tema era apontada pelo Banco Central como principal fator a explicar a desancoragem das expectativas de inflação em prazos longos, como 2025 e 2026.
As projeções do Boletim Focus continuam acima da meta. Para 2023 a mediana ainda indica estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022. Nos outros anos, as expectativas estão dentro do intervalo, mas superam o alvo central de 3,0%. Atualmente, as projeções do BC para o IPCA são de 5,0% em 2023, 3,4% em 2024 e 3,1% em 2025.
Meses
Os economistas do mercado financeiro atualizaram no Boletim Focus desta semana a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses, de 4,22% para 4,20%, de 4,18% há um mês.
No fim de junho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou ao Conselho Monetário Nacional (CMN) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá editar decreto estabelecendo uma meta contínua de inflação a partir de 2025, em substituição à atual meta-calendário. Haddad e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, não deram previsão de quando o ato do Executivo será publicado.
Como mostrou o Broadcast(sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o secretário-executivo do Ministério do Planejamento e Orçamento, Gustavo Guimarães, defende a continuidade da realização da justificativa sobre o descumprimento da meta uma vez ao ano, mas no caso de o IPCA estourar o teto em qualquer momento durante os 12 meses aferidos.
PIB
O Boletim Focus trouxe melhora na projeção de crescimento econômico para este ano. A mediana para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 passou de 2,19% para 2,24%, contra 2,14% há um mês. Considerando apenas as 33 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2023 passou de 2,18% para 2,24%.
Para 2024, o Relatório Focus também mostrou melhora na estimativa de crescimento do PIB, de 1,28% para 1,30%, ante 1 20% de um mês atrás. Considerando apenas as 31 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2024 permaneceu em 1,20%.
Em relação a 2025, a mediana variou de 1,80% para 1,88%, ante 1 80% de quatro semanas antes. O Boletim ainda trouxe a estimativa de crescimento para 2026, que avançou de 1,88% para 1,90%, contra 1,99% de um mês atrás.
No fim de maio, o Ministério da Fazenda aumentou sua projeção oficial para o PIB deste ano, de 1,61% para 1,91%. Mas o secretário de Política Econômica (SPE) da Fazenda, Guilherme Mello, disse ao Broadcast(sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) que o resultado pode ficar mais perto de 2,5%. No Banco Central, a estimativa atual é de 2,0%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho.
Dívida/PIB
O Boletim Focus mostrou um cenário de alteração nas projeções para as contas públicas este ano na edição publicada hoje. A estimativa para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 passou de 60,60% para 60,52%, ante 60,60% de um mês atrás.
Para o déficit primário em relação ao PIB este ano, a mediana seguiu em 1,00%, contra 1,01% um mês antes. O Ministério da Fazenda sustenta que deve entregar um resultado deficitário de 1 0% do PIB em 2023, ou menor. Já a estimativa para o déficit nominal este ano recuou de 7,70% para 7,64% do PIB, de 7,77% há um mês.
O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.
2024
Para o próximo ano, a estimativa para a dívida líquida ficou estável, em 64,00%. Há quatro semanas, a expectativa era maior, de 64,20% do PIB. Já o déficit primário esperado para 2024 se manteve em 0,80%, longe da meta prevista pelo governo de resultado neutro (0% do PIB). O déficit nominal projetado na Focus permaneceu em 7,00% do PIB. Há um mês, os porcentuais já estavam nesse patamar.
Déficit em conta corrente
Os economistas do mercado financeiro mantiveram a estimativa de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos para 2023 no Boletim Focus desta semana.
A projeção deficitária seguiu em US$ 43,07 bilhões, ante US$ 45 29 bilhões de um mês atrás. Para o próximo ano, a estimativa de déficit continuou em US$ 50,40 bilhões, ante US$ 51,02 bilhões há quatro semanas.
Em relação ao superávit da balança comercial em 2023, a projeção avançou de US$ 64,00 bilhões para US$ 65,00 bilhões, contra US$ 61,15 bilhões há um mês. Para 2024, a mediana superavitária subiu de US$ 57,85 bilhões para US$ 60,00 bilhões, de US$ 57,80 bilhões quatro semanas antes.
Os analistas consultados semanalmente pelo BC avaliam que o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será mais do que suficiente para cobrir o rombo em transações correntes neste e no próximo ano.
A mediana das previsões para o IDP em 2023 passou de US$ 79,50 bilhões para US$ 80,00 bilhões, de US$ 79,00 bilhões há um mês. Para 2024, a estimativa foi mantida em US$ 80,00 bilhões pela 24ª vez.
Dólar
O cenário esperado para o câmbio brasileiro em 2023 ficou estável no Relatório de Mercado Focus desta semana, enquanto a perspectiva para a moeda em 2024 mostrou leve recuo.
A estimativa para o câmbio este ano continuou em R$ 5,00, mesmo nível de um mês antes. Para 2024, a mediana passou de R$ 5,06 para R$ 5,05, contra R$ 5,10 quatro semanas antes.
A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.