Agência do INSS (Arquivo/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 28 de fevereiro de 2019 às 08h59.
Brasília - O secretário de Previdência Social do Ministério da Economia, Leonardo Rolim, defendeu a retirada da Constituição de todas as regras de acesso, de cálculo e de reajuste das aposentadorias no país. Em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, o secretário informou que a ideia é que uma lei complementar trate de todas essas exigências para "desinchar" a Constituição.
Segundo Rolim, o Brasil é único país do mundo que tem na Constituição os parâmetros para a Previdência. "A Constituição tem de ser uma coisa estável, não pode ficar alterando toda hora", disse.
Para mexer na Constituição são necessários 308 votos na Câmara e 49 no Senado, em duas votações. Já para se aprovar um projeto de lei complementar, é preciso, no mínimo, 257 votos dos deputados e 41 dos senadores em um turno em cada Casa.
Na reforma da Previdência proposta pelo governo Jair Bolsonaro, a regra de acesso à aposentadoria vai passar a ser 65 anos (homens) e 62 anos (mulheres) até que um projeto de lei complementar defina outros parâmetros.
O cálculo do valor do benefício proposto levará em conta apenas o tempo de contribuição e também deixará a Constituição. Pela regra que foi proposta, até que seja mudada por uma proposta de lei o trabalhador terá direito a 100% do benefício somente se atingir 40 anos de contribuição. A forma de correção, garantindo aumento atrelado à inflação, também não estará mais na Constituição, caso a reforma seja aprovada.
"Está mantida a regra atual pelo reajuste do INPC (índice de inflação). Não significa que o governo quer alterar, significa que quer deixar na forma correta", afirmou Rolim. Segundo ele, a lei ordinária que trata da correção, que está em vigor, será elevada de "status" se a reforma for aprovada para lei complementar (ou seja, que trata de temas definidos na Constituição).
Para Rolim, as contas da Seguridade Social vão passar por um "teste" de realidade com o fim previsto na reforma da incidência de Desvinculação de Receitas da União (DRU) sobre os recursos da área.
O sistema de Seguridade Social brasileiro engloba as áreas de saúde, Previdência e assistência social. Em 2017, o déficit chegou a R$ 292,4 bilhões em 2017, o equivalente a 4,4% do Produto Interno Bruto (PIB).
Segundo Rolim, a receita da Seguridade Social deve subir cerca de R$ 100 bilhões com o fim da DRU.
O valor do déficit da Seguridade vai diminuir, mas do ponto de vista fiscal, do resultado primário das contas do governo, nada muda porque o Tesouro Nacional é obrigado a compensar qualquer que seja o rombo. "O déficit que vai aparecer da Seguridade será menor do que aparece hoje, mas vai mostrar que tem déficit", afirmou Rolim.