Economia

Se reforma for fraca, em 4 anos vocês estarão reunidos, eu não, diz Guedes

Ministro da Economia discutiu com parlamentares em comissão para tratar da reforma da Previdência

Paulo Guedes: ministro participou de comissão na Câmara para discutir Previdência (Cleia Viana/Agência Câmara)

Paulo Guedes: ministro participou de comissão na Câmara para discutir Previdência (Cleia Viana/Agência Câmara)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 3 de abril de 2019 às 20h17.

Última atualização em 3 de abril de 2019 às 21h04.

Brasília - O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a bater boca com deputados em relação à aposentadoria dos militares. Em audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Guedes disse que os deputados não deveriam perguntar a um ministro por que ele não cortou a aposentadoria dos militares. "Cortem vocês, vocês são o poder. Vocês têm medo de fazer isso?", questionou.

Guedes disse ainda que o presidente da República, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) são os atores principais da reforma e que ele tem um papel "pequenininho". "Se a reforma for forte, é possível pensar em um futuro melhor para os filhos. Se for fraca, daqui a três anos vocês estarão aqui de novo discutindo, eu não. Três anos não, quatro, não vou falar três porque senão os senhores falam que estou saindo do governo. Acabou o mandato não estarei aqui de novo", completou.

O ministro falou ainda que, se houver pontos inconstitucionais na proposta de reforma da Previdência, caberá ao Congresso corrigir, assim como mudanças na proposta em relação à aposentadoria rural e ao Benefício de Prestação Continuada. "Se for a vontade do Congresso, deve ser feito, estamos preparados para o resultado", afirmou.

Crítica da proposta do governo para o benefício assistencial a idosos de baixa renda, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) questionou se Guedes poderia viver com o valor defendido no texto. "O senhor conseguiria viver um mês, apenas um mês, de sua vida com R$ 400?", indagou.

A proposta do governo para o Benefício de Prestação Continuada (BPC) prevê o pagamento de R$ 400 mensais a partir dos 60 anos e de um salário mínimo a partir dos 70 anos.

Questionado por deputados sobre falar a verdade, Guedes rebateu. "A verdade é relativa, nossa verdade é mostrar números. Não adianta fugir da verdade, temos um problema sério e distribuímos a conta de forma desigual para não tirar dos pobres."

Depois do bate-boca, Guedes agradeceu e disse que gostaria que não ficasse "nada pessoal". Com mais de quatro horas de sessão, Guedes pediu uma pausa para ir ao banheiro. A sessão foi suspensa e Guedes foi cumprimentado pelo líder da oposição, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), com quem havia discutido antes, e foi orientado por parlamentares da base antes da audiência ser retomada, minutos depois.

"Baixem os ânimos"

O presidente da CCJ da Câmara, Felipe Francischini (PSL-PR), voltou a pedir que os deputados "baixem os ânimos". "Vou exigir respeito de todos para que não haja bate-boca" afirmou. Francischini fez o apelo depois que deputados da base criticaram a oposição por atacar o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Guedes explodiu depois que os parlamentares da oposição se intrometeram na sua resposta sobre a idade que as empregadas domésticas se aposentam numa resposta à pergunta do deputado Alessandro Molon (PSB-RJ).

Com fúria, o ministro questionou os parlamentares da oposição: "Por que vocês não botaram imposto sobre dividendos, por que deram dinheiro para a JBS", disse o ministro em tom elevado. Se voltando para os parlamentares, Guedes disse que "nós estamos há três meses e vocês tiveram 18 anos e não tiveram coragem de mudar".

Houve reação dos deputados atacados por Guedes, que começaram a gritar. O presidente da CCJ, Felipe Franscischini (PSL-PR), pediu ordem e ameaçou acabar com a audiência. "Vamos respeitar o procedimento", apelou o deputado.

Diante da gritaria, Guedes reagiu dizendo que ouviu as perguntas calado e que agora era sua vez de falar. "A Casa não está me respeitando. A Casa não me dá direito de falar."

Guedes foi em frente com as críticas e disse que era fake news a informação de que no Chile havia muitos suicídios por conta da Previdência Social.

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