Economia

Salário médio em estatais vai até R$ 34 mil — fora os benefícios

As três empresas com maior salário médio entre as estatais são a Pré-Sal Petróleo S.A., com R$ 34 mil, o BNDES, com R$ 31 mil, e a Petrobras, R$ 25 mil

BNDES (Sergio Moraes/Reuters)

BNDES (Sergio Moraes/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de janeiro de 2022 às 11h47.

Última atualização em 26 de janeiro de 2022 às 10h31.

Dentre as 46 estatais controladas pela União, há um caso de empregado que recebe como salário mensal R$ 145.184,00, e não tem cargo de diretor. Trata-se de um funcionário do grupo Petrobras, conforme a mais recente radiografia que o Ministério da Economia divulga sobre os benefícios negociados pelas estatais federais nos acordos trabalhistas.

O relatório anual, antecipado ao Estadão/Broadcast e que será publicado nesta sexta-feira, 21, aponta que as três empresas com maior salário médio entre as estatais são a Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), com R$ 34 mil, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com R$ 31 mil, e a Petrobras, R$ 25 mil. Segundo o Ministério da Economia, os salários muito elevados como o do funcionário da Petrobras resultam de incorporações de benefícios nos salários, muitas vezes obtidas por decisão judicial.

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A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional, está em quarto lugar, com um salário médio de R$ 20,7 mil. A empresa, sempre muito cobiçada por caciques políticos do Nordeste, tem 1.501 funcionários e está no grupo de estatais dependentes de aportes de recursos do Tesouro Nacional para fechar as contas.

Estabilidade

Mesmo não sendo servidores públicos e com direito ao FGTS, os funcionários de quatro estatais têm estabilidade no emprego, garantida em acordos salariais por um determinado período: Petrobras, BNDES, Companhia Docas do Pará e a Eletrobras, que está na fila de privatização. No caso da estatal de energia, a estabilidade é garantida para um grupo específico de empregados. Para o período de novembro de 2021 a abril deste ano, 11.612 servidores da Eletrobras não podem ser demitidos.

Os dados fechados são de 2020 e trazem os benefícios apenas dos empregados - no caso de diretores, as remunerações serão consolidadas em outro boletim. Os gastos com pessoal (salários) somaram R$ 96,6 bilhões para 453,91 mil servidores federais de todas as estatais.

O BNDES e a Petrobras têm a maior lista de benefícios. O banco garante dois tipos de auxílio para a compra de comida (cesta alimentação e refeição), que juntos somam quase dois salários mínimos: R$ 2.157,97 por mês. O BNDES também paga um benefício de assistência educacional limitado a R$ 1.261 por mês por dependente menor de 18 anos. A Petrobras paga 100% da remuneração de adicional de férias, acima dos 33,3% previsto em lei. Ou seja, o trabalhador acaba ganhando mais um salário ao sair em férias.

O secretário de Coordenação e Governança das Empresas Estatais do Ministério da Economia, Ricardo Faria, defende o controle da concessão dos benefícios. "Essas empresas são da sociedade brasileira, e as pessoas têm o direito de saber e perguntar: 'Está barato?' Pelo menos ele tem o dado certo para formar a opinião dele." O secretário adjunto de Coordenação e Governança das Empresas Estatais, Thiago Longo, também considera alguns benefícios elevados. "Nos parece bastante desproporcional."

Saúde e previdência

As empresas estatais federais e suas subsidiárias gastaram R$ 22 74 bilhões para bancar planos de saúde e previdência complementar aos seus empregados. O custo dos benefícios de saúde alcançou R$ 8,64 bilhões e de previdência, mais R$ 14,10 bilhões.

O governo tentou modificar, por meio de resolução, as regras para restringir os benefícios dos planos de saúde aos funcionários das estatais, mas o Congresso derrubou as novas exigências com um decreto legislativo. É comum estatais bancarem mais de 90% dos custos de saúde dos empregados, sem qualquer coparticipação, e aceitar que os funcionários incluam como dependentes pais, mães e filhos sem limite de idade. O governo tentou restringir a no máximo 50% o pagamento para assistência de saúde e o rol de beneficiários. Algumas caminharam nessa redução, como os Correios, mas outras, com a decisão dos parlamentares de barrar as restrições do governo, nada fizeram.

Entre as estatais, as disparidades são grandes. O BNDES tem um gasto mensal por titular de R$ 3.502,53. Os cônjuges e filhos têm acesso também ao plano. São ao todo 10.034 beneficiários ao custo de R$ 177, 3 milhões. A Petrobras gasta R$ 2,07 bilhões com assistência à saúde com gasto mensal da empresa por titular de R$1.531,79.

Segundo o secretário de Coordenação e Governança das Empresas Estatais do Ministério da Economia, Ricardo Faria, os funcionários do Executivo recebem no máximo R$ 205,00 de reembolso por beneficiário de assistência médica. Os valores são definidos numa tabela que leva em conta salário e idade. Quem ganha mais tem reembolso menor.

Do lado da previdência, o governo busca estimular a criação de planos de contribuição definida, em que o benefício depende do montante acumulado em nome do funcionário.

A proposta da previdência com contribuição definida deverá ser apreciada pelos órgãos de governança do fundo de pensão e do BNDES no primeiro trimestre e submetida à Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais do Ministério da Economia e à Superintendência Nacional de Previdência Complementar. Segundo a instituição, entre as metas do BNDES para 2022, também está o aprimoramento do custeio do plano de saúde. A Petrobras foi procurada pela reportagem, mas não se manifestou.

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