São Paulo - O presidente do Banco Central , Alexandre Tombini , afirmou nesta quinta-feira que o "processo de saída" da crise econômica nas nações desenvolvidas iniciado em 2008 "não será sincronizado".
"O processo de saída da crise não será sincronizado e, apesar dos muitos sinais, o crescimento que se espera será moderado, inferior ao período anterior à crise iniciada em 2008", disse Tombini.
Em discurso durante a inauguração da sede da agência financeira "Bloomberg" em São Paulo, Tombini declarou que a economia brasileira tem "fundamentos sólidos" e "instrumentos adequados", como a política monetária, para enfrentar o que chamou de "período de transição", com US$ 380 bilhões de reservas.
O presidente do BC comentou que, desde o início da recuperação da economia americana, as economias emergentes foram afetadas com a desvalorização de suas moedas e o aumento expressivo das gratificações de risco.
E, nesse sentido, lançou uma crítica aos analistas do mercado financeiro frente a previsões negativas para as economias emergentes: "Os mercados não estavam levando em conta que muitos emergentes apresentam hoje fundamentos econômicos mais consistentes que no passado".
Tombini explicou que atualmente a economia mundial está em um "processo de transição" com sinais claros que "pouco a pouco a crise iniciada em 2008 está ficando para trás".
O presidente do BC citou como a diferença de ritmo dessa recuperação em nível global os casos dos Estados Unidos e Grã-Bretanha, Japão e, por último, a União Europeia.
"Temos os EUA e o Reino Unido com perspectivas mais sólidas de recuperação econômica e à frente do processo de normalização das condições monetárias. Por outro, temos o Japão mantendo um ritmo de crescimento alimentado por um agressivo de expansão monetária; e a zona do euro deve voltar a crescer em 2014, ainda que de forma bastante tímida", comentou.
No entanto, acrescentou que "diante do risco de deflação, permanece a expectativa de que o Banco Central Europeu adote novas medidas de estímulos em curto prazo".
Sobre o Brasil e os mercados emergentes, Tombini afirmou que o "realinhamento" iniciado há um ano com a política do Federal Reserve (Fed, banco central americano) "gerou volatilidade", o que não é mesmo o que "vulnerabilidade", esclareceu.
São Paulo - O sistema bancário mundial, em que os bancos criam e emprestam dinheiro sem limites reais, é quem seria o maior responsável por jogar as economias nacionais na
crise . Mas é também o grande responsável em os tirar dela, alimentando o ciclo de expansão monetária seguida de novas, e cada vez mais graves, recessões. Exame.com separou 8 documentários que investigam os bastidores dos governos e das instituições financeiras em busca dos culpados. O mais recente deles, “Fraude – explicando a grande recessão” apresenta ao público uma visão completamente diferente da que culpa o capitalismo por essa crise sem precedentes e avisa que quem tenta salvar a economia mundial é também quem, primeiro, a fez entrar em colapso: os governos.
2. Fraude, explicando a grande recessão. 2 /9
O documentário “Fraude – explicando a grande recessão” tenta tirar o mercado do papel de bode expiatório da crise financeira mundial. O filme, produzido pela produtora espanhola Amagi Films, usa as já tão ditas frases “a culpa é do capitalismo” e “o mercado, ao dar excessiva liberdade aos cidadãos nos levou a maior crise econômica da era moderna” para construir uma argumentação que culpa a intervenção dos governos na economia e não o livre mercado pela crise que assola o mundo todo. “Isto é socialismo duro e puro em pleno século XXI”, diz o economista espanhol Jésus Huerta de Soto, da Universidade Rey Juan Carlos, em Madri. “Não vivemos em uma sociedade de livre mercado, vivemos em uma sociedade que é hibrida de liberdade e coerção. Colocar a culpa nos mercados é ignorar a realidade. E a verdade é que as economias estão sob muita intervenção”, explica logo no início do filme. Um dos entrevistados, Steve Baker, que é membro do parlamento britânico, da bancada conservadora, transfere a culpa para o sistema bancário atual. “O cerne do grande problema macroeconômico que enfrentamos é que os bancos podem criar e emprestar dinheiro sem nenhum limite prático real. E é isto que criou essa descoordenação, a crise e a recessão”, diz. Encadeando uma série de explicações de economistas, o filme tenta mostrar como as crises são criadas pelos próprios governos, que depois têm que submeter a população a medidas de austeridade pra resolver o problema, numa sucessão de bolhas de expansão monetárias seguidas de graves crises no sistema. O objetivo é mostrar que a essência do sistema em que vivemos é uma espécie de fraude legal.
3. Overdose: The Next Financial Crisis , dirigido por Martin Borgs 3 /9
No filme “The Next Financial Crisis” (A próxima crise financeira, 2010), o diretor Martin Borgs usa o livro “Financial Fiasco”, de Johan Norberg, como condutor para contar o que, em suas palavras, “é a história da maior crise financeira do nosso tempo: a que está a caminho”. O documentário reconstrói a história da recessão mundial que começou quando o congresso americano aprovou um projeto que dava o acesso à casa própria a todos, fazendo com que o governo honrasse os pagamentos dos que não podiam. Como tudo deu errado, o governo prometeu gigantescos estímulos financeiros, tentando sustentar a dívida, criando mais dívidas. “A solução é o problema, mas é por isso que tivemos o problema em primeiro lugar”, diz um dos entrevistados.
4. Fiat Empire – Why the Federal Reserve Violates the U.S. Constitution, dirigido por James Jaeger 4 /9
Nesse filme, o diretor James Jaeger apresenta sua visão do que é e a serviço de quem está o Federal Reserve, banco central americano. O documentário de 1 hora foi inspirado no livro “The Creature from Jekyll Island” (A criatura da ilha de Jekyll), de Edward Griffin, conhecido por ser crítico de muitos aspectos da teoria e da prática econômica moderna, especialmente do Fed. O próprio Griffin dá depoimentos no filme no qual explica as origens do banco. “Muitas pessoas pensam que o Fed é de propriedade do governo, mas ele não é. É uma instituição híbrida do governo federal com bancos privados e funciona como um cartel de bancos que querem proteger seus lucros e limitar a concorrência”, diz. A tese defendida é a de que o Fed beneficia principalmente banqueiros, seus clientes que necessitam de "dinheiro fácil", e o congresso americano que prefere se aprofundar em dívidas do que buscar financiamento de seus constituintes com novos impostos.
5. MeltDown – The Secret History of the Global Financial Collapse 5 /9
O programa
Doc Zone, do canal americano CBC, produziu uma série de 4 episódios sobre os bastidores da crise financeira, mostrando o alto nível de tensão e de traição dentro dos governos mundiais e das instituições financeiras. “Meltdown – The Secret History of the Global Financial Collapse” (A história do colapso financeiro global) conta não só a história dos baqueiros que quebraram o mundo, mas também a dos proprietários de hipotecas desesperados da Califórnia e dos trabalhadores franceses que chocaram o mundo ao sequestrarem seus patrões.
6. The Ascent of Money: A Financial History of The World, dirigido por Niall Ferguson 6 /9
O documentário de 4 horas é baseado no livro de mesmo nome, do historiador econômico e professor de Harvard Niall Ferguson – que é também quem conduz a narrativa de “The Ascent of Money: A Financial History of the World” (A Ascenção do dinheiro: a história financeira do mundo). “O dinheiro pode nos quebrar ou nos fazer”, diz Ferguson logo no começo do filme que, através da história do dinheiro, conta a história da humanidade, desde sua origem na antiga Mesopotâmia. Ele apresenta e explica as principais instituições financeiras e conceitos, mostrando de onde vieram. Mais que isso, mostra a história financeira por trás de todos os grandes fatos históricos, como a Revolução Francesa – que, segundo ele, tem suas origens em uma bolha no mercado acionário causado por um assassino escocês condenado. A conclusão é de que cedo ou tarde toda bolha estoura e com isso os vendedores pessimistas superam os compradores otimistas e a ganância, cedo ou tarde, vira em medo.
7. Trabalho Interno, dirigido por Charles Ferguson 7 /9
Indicado ao Oscar de melhor documentário em 2011, “Trabalho Interno” faz uma análise da crise financeira que estourou em 2008. Através de uma extensiva pesquisa e longas entrevistas com os principais insiders do sistema financeiro, além de jornalistas e acadêmicos, o diretor Charles Ferguson mostra o surgimento de uma indústria desonesta que corrompeu a política e a regulamentação. Narrado por Matt Damon, o documentário revela verdades incômodas da pior crise já vista desde 1929, expondo a teia de mentiras e condutas criminosas que afetaram o mundo todo. “Se você não ficar revoltado ao final do filme, você não estava prestando atenção”, diz uma das frases promocionais do documentário.
8. I.O.U.S.A , dirigido por Patrick Creadon 8 /9
“I.O.U.S.A” examina o rápido crescimento da dívida nacional americana e suas consequências para os EUA e os cidadãos americanos. Seu objetivo é o de mostrar a necessidade de o governo nacional mostrar mais responsabilidade fiscal. O diretor Patrick Creadon entrelaça imagens de arquivo e dados econômicos para pintar um perfil alarmante da atual situação econômica dos EUA. Ele mostra que, ao longo da história, foi quase impossível para o governo americano gastar apenas o dinheiro arrecadado por meio de impostos e ajuda a desmistificar as políticas e práticas financeiras do país. O filme também propõe soluções sobre como se poderia recriar um país fiscalmente saudável para as gerações futuras.
9. The Secret of Oz, dirigido por Bill Still 9 /9
O documentário “The Secret of Oz” (O segredo de Oz) tem o objetivo de explicar como os simbolismos econômicos presentes no livro de L. Frank Baum, “O Mágico de Oz”, são a chave para resolver a atual crise econômica. No meio acadêmico, o livro escrito em 1900 é conhecido pelos poderosos símbolos de reforma monetária que carrega – núcleo do movimento populista de 1896 e 1900 do presidente democrata William Jennings Bryan. O diretor Bill Still aproveita a familiaridade do público com os símbolos do livro para fazer de sua explicação uma arma poderosa contra os inimigos modernos.