Economia

Safra recorde de milho nos EUA vira problema para operadores

Safra recorde de milho deste ano já seria suficiente para encher 60 por cento da capacidade de armazenagem do país


	Plantação de milho: safra recorde do EUA traz problemas de armazenamento
 (Elza Fiuza/ABr)

Plantação de milho: safra recorde do EUA traz problemas de armazenamento (Elza Fiuza/ABr)

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Da Redação

Publicado em 6 de outubro de 2014 às 13h26.

Chicago - A safra gigante de milho que começa a ser colhida no Meio-Oeste dos Estados Unidos deverá sobrecarregar armazéns e ser, em parte, estocada ao ar livre, disseram fontes da indústria, elevando preocupações quanto à qualidade dos grãos em um cenário onde também será mais difícil movimentar os estoques.

A safra recorde de milho deste ano, de 14,4 bilhões de bushels (366 milhões de toneladas), já seria suficiente para encher 60 por cento da capacidade de armazenagem do país, de 24 bilhões de bushels.

No total, com uma safra também recorde de soja e grandes colheitas de outros grãos, incluindo trigo de primavera, haverá cerca de 20 bilhões de bushels de grãos recém-colhidos necessitando armazenagem. O volume soma-se também a 3,5 bilhões de bushels já armazenados, segundo relatório do Departamento de Agricultura (USDA) referente a 1º de setembro.

A Andersons, uma importante operadora logística de grãos de Toledo, Ohio, já está estocando grãos em seus silos no Tennessee e em Estados do Meio-Sul, mesmo antes de a colheita ganhar ritmo no cinturão de grãos mais ao norte do país, disse o diretor executivo Hal Reed.

"Nós ainda acreditamos que as produtividades vão continuar subindo, acima das estimativas oficiais do USDA. A safra de milho é a melhor que eu já vi", afirmou.

O excedente de milho muitas vezes é mantido temporariamente em pilhas de 5 mil toneladas ou mais, cobertas por lonas, aguardando pelo transporte em trens ou barcaças, mas neste ano tem sido difícil contratar frete, uma vez que o petróleo de xisto compete por espaço nas ferrovias.

"Haverá pilhas e mais pilhas. A enxurrada vai começar perto de 20 de outubro", quando a armazenagem nas fazendas em Iowa deverá estar praticamente lotada, disse Charles Hurburgh, um especialista em qualidade de grãos da universidade Iowa State.

O desafio será preservar a qualidade dos grãos que ficarem no chão, mantendo-os a salvo para posterior uso por processadores de alimentos, produtores de ração e etanol e para a exportação.

Os comerciantes de grãos precisam garantir que o milho esteja seco à taxa de 13 por cento de umidade antes da estocagem. Os grãos também precisam ser adequadamente aerados durante os meses em que estiverem no chão, para prevenir danos e a proliferação de toxinas.

A soja, precificada por seu conteúdo de óleo e colhida antes do milho, deverá ser vendida assim que sair das lavouras, diferentemente do milho, um grão mais resistente e que pode ser secado ao ar livre, o que faz com que os produtores economizem nas taxas de uso de secadores.

"Mesmo que algumas pessoas digam que você pode guardar milho com 17 a 18 por cento de umidade, colocar aeradores e mantê-lo, a experiência diz que nem sempre isso funciona", disse Joe Christopher, um comerciante de Nebraska.

Comerciantes de grãos deverão forçar muitos agricultores a aceitar contratos de "precificação deferida", que permitem aos operadores assumir a posse dos grãos, o que permite a movimentação do produto para melhor gerenciamento de espaço.

No entanto, ainda há o problema de escoamento do grão, em meio a uma alta dos preços de frete ferroviário, já que não há apenas a competição entre tradings agrícolas mas também com a indústria de petróleo de xisto em diversas regiões, especialmente nas Dakotas.

"Vai ficar congestionado nas fazendas, vai ficar congestionado nos silos e vai ficar congestionado em uma porção de lugares. Vai ser um problema de verdade", disse Stephen Nicholson, analista do Rabobank.

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