Reforma administrativa não vai mexer em direito adquirido, diz Guedes
Ministro reafirmou que, quando usou o termo "parasita" ao falar sobre a reforma na semana passada, se referia ao Estado brasileiro, e não aos servidores
Beatriz Correia
Publicado em 12 de fevereiro de 2020 às 19h35.
O ministro da Economia, Paulo Guedes , reiterou nesta quarta-feira que a reforma administrativa proposta pelo governo vai mexer em critérios de estabilidade para futuros servidores, sem afetar direitos adquiridos ou alterar salários.
O objetivo da reforma, segundo o ministro, é estabelecer um Estado com meritocracia e um menor número de carreiras. "Em vez de 300 carreiras, que fossem 20, 30", afirmou o ministro, em discurso durante evento em Brasília.
Guedes reafirmou que, quando usou o termo "parasita" ao falar sobre a reforma administrativa na semana passada, se referia ao Estado brasileiro, e não aos servidores.
"Quando os gastos com funcionalismo devoram 95%, 100% da receita, o Estado está virando parasitário. Não é o funcionário público, é o Estado", afirmou.
Dívida/PIB
Guedes disse ainda que a dívida bruta em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) voltará a cair em 2020 após recuo visto em 2019 e pontuou que, com os juros básicos mais baixos, a economia com o pagamento de juros da dívida pública será de 120 bilhões de reais este ano.
O ministro também afirmou que o país mudou seu modelo, abandonando o de "juro na lua e câmbio baixo, desindustrializando o Brasil".
"Por exemplo, câmbio a 1,8 (real por dólar), e juros a 14%. Vamos fazer o contrário? Bota juros a 4% e o câmbio a 4 (reais) também. É melhor 4 a 4 do que 1,8 (real) com juros de 14%", disse.
"Não estamos fazendo nada, só estamos fazendo a política direitinho. O juro é um pouco mais baixo, o que é bom para todo mundo. Vamos investir, consumir mais e, ao mesmo tempo, um câmbio um pouquinho mais alto, o que é bom para todo mundo. Mais exportação, mais substituições de importações. Inclusive, em setores muito intensivos em mão de obra, como turismo", completou ele.
Guedes chegou a dizer que, num quadro de dólar a 1,80 real, as exportações caíam, mas o país tinha "todo mundo indo para Disneylândia, empregada doméstica indo para Disneylândia".