Economia

Redução da carga em R$ 30 bilhões ‘não tem problema’, diz Guedes

O ministro prefere que a reforma tenha impacto neutro, mas diz que o aumento da arrecadação compensaria a redução da carga

Ministro da Economia, Paulo Guedes (Edu Andrade/Ascom/ME/Flickr)

Ministro da Economia, Paulo Guedes (Edu Andrade/Ascom/ME/Flickr)

AO

Agência O Globo

Publicado em 14 de julho de 2021 às 12h31.

Última atualização em 14 de julho de 2021 às 13h08.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quarta-feira que a redução da carga tributária em R$ 30 bilhões prevista no relatório preliminar do deputado Celso Sabino (PSDB-PA) sobre a reforma tributária, "não tem problema" por conta do aumento na arrecadação de impostos neste ano.

  • Entenda como as decisões do Planalto, da Câmara e do Senado afetam seus investimentos. Assine a EXAME.

Em transmissão ao vivo do jornal Valor Econômico, o ministro destaca que houve um aumento na arrecadação de R$ 100 bilhões, acima do previsto, que seria suficiente para compensar a redução nos impostos.

— Esse aumento de arrecadação é estrutural, é só o nível do PIB. Mesmo se o PIB crescer zero daqui pra frente, só a volta do PIB até agora já significa um aumento de R$ 100 bilhões acima do previsto. Então se erramos os R$ 30 bilhões na reforma não tem problema, já está pago, antes de começar a reforma já está pago — disse o ministro.

Guedes ressaltou que gostaria que o impacto da reforma fosse neutro, mas acredita que é melhor errar para uma redução da carga tributária do que um aumento. Cálculos da Receita Federal sobre a primeira versão da reforma previam aumento da arrecadação.

— Como liberais, preferimos correr o risco de errar para o lado de redução de caga, do que de aumento de carga tributária. Foi o que nós fizemos. Com os 5 pontos percentuais (sobre Imposto de Renda de empresas), poderia haver um aumento líquido de impostos. Com 10 pontos percentuais, o próprio relator acha baseado nas contas que fizeram, inclusive com a nossa Receita, que poderia haver uma redução de até R$ 30 bilhões. Isso não está nos preocupando — afirmou.

Na última terça-feira, o relator da reforma tributária na Câmara, Celso Sabino (PSDB-BA), anunciou uma série de mudanças no texto enviado pelo Executivo ao Congresso no mês passado, para atender o setor empresarial, com a concordância do governo.

Sabino propôs o corte de subsídios que beneficiam 20 mil empresas de setores como o farmacêutico, o químico, de aeronaves, embarcações e de perfumaria de higiene. A medida tem por objetivo compensar a redução, de 25% para 12,5%, do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ).

Em seu parecer preliminar, o parlamentar estabelece o retorno da cobrança de IR sobre benefícios como auxílios-moradia e transporte de funcionários públicos. E revoga o incentivo fiscal para empresas que têm programa de alimentação dos trabalhadores. Com isso, o fornecimento de alimentação e tíquetes por empresas deve ficar mais caro.

Sabino manteve a taxação em 20% sobre a parcela do lucro distribuída aos acionistas — os dividendos — atualmente isenta de impostos e o fim da dedução dos Juros Sobre Capital Próprio (JCP), dispositivo usado para remunerar os acionistas das empresas.

Também permaneceu no texto o limite de R$ 40 mil de renda anual para a pessoa física fazer a declaração simplificada do Imposto de Renda.

'País carimbador'

Guedes afirmou que o Bolsa Família será um dos grandes contemplados com a reforma tributária. Isos porque o governo pretende usar a arrecadaçãço com a taxação de dividendos para bancar o novo programa social. Porém, ele explicou que a transferência imediata do excesso de arrecadação, estimado em R$ 100 bilhões, é impossível.

— O Brasil é um país carimbador de recursos. Se eu usar os R$ 100 bilhões para pagar os R$ 30 bilhões de redução na arrecadação previsto pelo relator da reforma, vão dizer que pode. Mas se eu pegar os R$ 100 bi para pagar o Bolsa Família, dirão que não pode. Só pode quando carimbar os dividendos que foram tributados —disse Guedes, acrescentando que o programa deverá contar com cerca de R$ 50 bilhões no ano que vem.

Acompanhe tudo sobre:Imposto de Renda 2021Paulo GuedesReforma tributária

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor