São Paulo - Após bater recordes de vendas e de produção em março, o mercado brasileiro de veículos passará por um período de acomodação em abril e maio, com média diária de vendas recuando cerca de 17 por cento na comparação com o mês passado, afirmou nesta quarta-feira o presidente da associação de montadoras, Anfavea.

"Haverá um efeito de acomodação na segunda quinzena de abril que pode se estender até maio", afirmou Jackson Schneider em sua última entrevista coletiva como presidente da Anfavea antes de ser substituído pelo presidente da Fiat para América Latina, Cledorvino Belini.

A média diária de venda em março bateu recorde histórico, registrando 15.380 veículos emplacados, 24,7 por cento acima do verificado um ano antes, impulsionada pela correria dos consumidores interessados em aproveitar os últimos dias do desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

Tal movimentação "é muito difícil" de ser alcançada novamente afirmou Schneider, considerando que nos próximos meses, a média diária de vendas poderá ficar entre 13 mil e 14 mil veículos. Já abril, por causa do feriado da Páscoa após o recorde de março, deverá um nível de cerca de 12.800 unidades, afirmou o representante.

Diante do recorde de vendas de 353,7 mil veículos em março, os estoques da indústria encerraram em 18 dias, nível considerado baixo pela Anfavea, o que deve ajudar a evitar uma queda mais brusca da produção em abril. "Agora a tendência é de recuperação para o nível normal de cerca de 26 dias", afirmou Schneider.

A produção também deve receber apoio das exportações, que em março subiram 9,4 por cento sobre fevereiro, para cerca de 58 mil unidades, compondo um salto de 83 por cento no primeiro trimestre sobre o mesmo período de 2009.

"A Argentina tem recuperado muito fortemente (as compras de veículos do Brasil) e o México começou a se recuperar também ... Outros países estão voltando e a economia norte-americana está mostrando um retorno", afirmou Schneider.

O Brasil produziu 331 mil veículos em março, recorde histórico e volume 32,5 por cento maior que o fabricado em fevereiro e 20,3 por cento acima do registrado um ano antes. 

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Segundo Schneider, a expectativa de fim do desconto do IPI colaborou para criar um efeito de alta demanda no mês, mas também "a confiança do consumidor está muito forte e há uma expectativa muito positiva" para o desempenho do setor este ano, que deve marcar o quarto recorde consecutivo de vendas. A previsão da Anfavea é de alta de 8,2 por cento nos licenciamentos de veículos em 2010, para cerca de 3,4 milhões.

O resultado do setor no início deste ano também foi positivo do ponto de vista do índice de inadimplência de financiamentos. A taxa recuou em fevereiro, pelo oitavo mês consecutivo, para 4,2 por cento, segundo a Anfavea.

Mas a entidade sinaliza com risco de aumento "importante" de custos das montadoras nos próximos meses, gerado pela alta do preço do minério de ferro, que trará "impactos nos custos de aço", afirmou Schneider, sem precisar quanto ou quando eventuais aumentos de preços dos veículos poderão ocorrer.

"Algumas sinalizações de aumento de preços de aço já começaram a acontecer", disse o presidente da Anfavea.

Montadoras

A Fiat manteve a liderança no mercado em março, vendendo 73.615 automóveis e comerciais leves, uma alta de 51,2 por cento sobre fevereiro. GM veio em seguida, com 70.037 unidades comercializadas, aumento de 65,5 por cento.

A Volkswagen vendeu 69.711 automóveis e comerciais leves em março, um avanço de 60,8 por cento mês a mês, e a Ford vendeu 36.303 unidades, alta de 55,2 por cento.