Economia

Rajoy prevê 2013 ainda "muito duro" para a Espanha

"Temos ainda pela frente um ano muito duro, especialmente em sua primeira metade, e temos que perseverar nas reformas que empreendemos", disse Rajoy

O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy: durante a entrevista, Rajoy confirmou que por enquanto a Espanha não recorrerá à ajuda europeia (REUTERS)

O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy: durante a entrevista, Rajoy confirmou que por enquanto a Espanha não recorrerá à ajuda europeia (REUTERS)

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Da Redação

Publicado em 28 de dezembro de 2012 às 16h20.

Madri - O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, prevê um 2013 ainda "muito duro" para a Espanha, no qual manterá a política de austeridade e reformas que espera começar a dar frutos na segunda metade do próximo ano.

"Temos ainda pela frente um ano muito duro, especialmente em sua primeira metade, e temos que perseverar nas reformas que empreendemos", disse Rajoy em entrevista coletiva na qual durante uma hora fez um balanço de seus primeiros 12 meses à frente do Governo, ao qual chegou no final de dezembro de 2011.

Embora tenha destacado que a economia do país "seguirá em recessão algum tempo", antecipou que espera que "comece a melhorar na segunda metade de 2013", quando calcula que haverá "notícias positivas" no horizonte de um 2014 melhor.

Após admitir que este ano "as coisas foram mais difíceis" do que esperava devido à deterioração das contas públicas herdadas, assegurou que o Executivo está fazendo "o que é necessário e inevitável".

"Se não tivéssemos feito isto, a Espanha e os espanhóis estaríamos hoje em uma situação muitíssimo pior", acrescentou.

Rajoy fez seu balanço poucas horas depois que o Banco da Espanha divulgou seus últimos dados sobre a economia espanhola, que confirmam a continuação da recessão no quarto trimestre do ano devido à contração da demanda interna.

O organismo supervisor ressaltou que deve ter-se em conta que no último trimestre se concentra uma parte significativa do impacto das medidas orçamentárias aprovadas durante 2012, destinadas à redução do déficit, para deixá-lo no 6,3% do PIB pactuado com a União Europeia (UE).


O chefe do Executivo pediu que os espanhóis somem esforços "para evitar tudo o que nos distrai da saída da crise" e expressou sua disposição a dialogar com o Governo regional da Catalunha sobre suas aspirações de soberania.

Perante as perguntas relacionadas com os planos das autoridades catalãs - que incluem uma consulta sobre o status dessa comunidade autônoma com relação à Espanha -, Rajoy se declarou aberto ao diálogo e reivindicou ao presidente catalão, o nacionalista Artur Mas, "lealdade recíproca".

Durante a entrevista, Rajoy confirmou que por enquanto a Espanha não recorrerá à ajuda europeia, mas não descartou fazer isso mais adiante.

"Não temos pensado em pedir ao Banco Central Europeu (BCE) que intervenha no mercado secundário comprando bônus", comentou o chefe do Executivo, especificando que esse instrumento lhe parece "útil" e não descarta que possa utilizá-lo "no futuro".

Após um ano de fortes pressões dos mercados financeiros sobre a dívida espanhola, que encareceram enormemente o financiamento do país, Rajoy garantiu hoje também que não tem "nenhuma intenção de flexibilizar os objetivos de déficit".

"Boa parte dos problemas que nos trouxeram até aqui vêm do fato de termos gastado mais do que arrecadamos, o que leva inevitavelmente à quebra", declarou.


Neste contexto, incidiu na continuidade das políticas aplicadas este ano - medidas de redução do déficit combinadas com reformas estruturais, principalmente a reforma trabalhista e a reestruturação financeira -, que formam "os pilares" sobre os quais a recuperação econômica se assentará.

O objetivo é voltar a crescer e a criar emprego em um país que viu como aumentavam os números de desempregados até alcançar os 5,7 milhões, mais de 25% da população ativa devido à derrubada do setor imobiliário e aos efeitos da crise.

O líder da principal força da oposição, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), Alfredo Pérez Rubalcaba, acusou Rajoy nesta sexta-feira de enganar os espanhóis em seu primeiro ano de mandato, no qual, sustentou, descumpriu todas suas promessas eleitorais.

Também rebateu que as medidas de ajuste aplicadas obedeçam à herança recebida do anterior Governo socialista e argumentou que se devem principalmente à ideologia "da direita" aplicada pelo Executivo do Partido Popular (PP).

"É um Governo do qual ninguém espera mais nada", atacou Rubalcaba, que foi vice-presidente e ministro do Interior no Executivo anterior presidido por José Luis Rodríguez Zapatero. 

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