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Quem será o economista do governo do PT?

Quem será o economista do governo do PT? É essa a pergunta que fazem alguns economistas como o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, ou o consultor Gesner Oliveira, da Tendências, diante da indicação de Henrique Meirelles para o segundo cargo mais importante da área econômica. "Hoje, temos um médico no Ministério da Fazenda e […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h43.

Quem será o economista do governo do PT? É essa a pergunta que fazem alguns economistas como o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, ou o consultor Gesner Oliveira, da Tendências, diante da indicação de Henrique Meirelles para o segundo cargo mais importante da área econômica. "Hoje, temos um médico no Ministério da Fazenda e um executivo no Banco Central", diz Franco. "Se escolherem agora um dentista para o segundo cargo do Ministério da Fazenda, todo o mundo vai querer saber quem ocupará os principais cargos nos escalões seguintes."

Franco elogia Meirelles, mas expressa preocupação com a aparente perda de prestígio dos economistas no futuro governo do PT: "É uma solução interessante, porque ele é um executivo experiente, do ramo e com vivência internacional". Outros economistas ouvidos pelo Portal EXAME afirmam que a indicação de um nome como Pedro Bodin, do Banco Icatu, seria melhor para a operação no dia-a-dia do mercado, enquanto Meirelles tem mais respaldo internacional. "Apesar do prestígio mundial, Meirelles não vinha atuando no dia-a-dia da política monetária e cambial", afirma um deles.

Tradicionalmente, afirma Franco, a política macroeconômica do governo esteve nas mãos de formuladores saídos da academia ou com forte experiência na área econômica. Ele atribui a "morna reação do mercado" à indicação de Meirelles ao fato de ele não ser um economista experiente, mas sim um ex-executivo de um banco internacional. Agora aumenta, portanto, a importância de quem for ocupar os cargos de segundo e terceiro escalões, como os diretores que irão trabalhar com o novo presidente do BC. "É provável e espera-se que o segundo escalão conte com nomes mais técnicos", afirma Gesner Oliveira. Para Aury Luiz Ermel, diretor do banco Sudameris, "é provável que Meirelles indique para a diretoria de política monetária um nome mais operador".

No entender de Franco, porém, as atenções de quem conhece como funciona a máquina do governo se voltam imediatamente para a indicação do futuro secretário-executivo do Ministério da Fazenda, o terceiro cargo na hierarquia da área econômica. Outra posição tradicionalmente entregue a formuladores econômicos é a secretaria de política econômica, na Fazenda, além da já citada diretoria de política monetária do BC.

Para Franco, é inescapável. Em algum momento, o futuro governo terá de recorrer à experiência de um economista. "Quando estiverem reunidos o Conselho Monetário Nacional, o Comitê de Política Monetária ou o Comoc (Comissão Técnica da Moeda e do Crédito), alguém vai ter de levantar o dedo e dar sua opinião sobre os assuntos tratados ali", diz ele.

Franco diz ainda que a indicação de Palocci e de Meirelles mostra uma maneira diferente de trabalhar do futuro governo. Se vai dar certo ou não, afirma ele, é prematuro antecipar: "São nomes de peso. O Palocci ganhou o respeito de todo o mundo, mas se alguém dissesse há seis meses que o novo ministro da Fazenda seria um médico de Ribeirão Preto haveria desmaios gerais".

De acordo com Gesner Oliveira, "ainda persistem dúvidas sobre como Meirelles irá conduzir a política monetária". Já Hiram Maisonnave Jr, diretor vice-presidente do BNP Paribas, afirma que Meirelles tem os atributos para fazer uma boa gestão no Banco Central: "Ele tem experiência e está atento ao momento econômico do país. Seu maior desafio, que é a missão essencial do BC, é preservar a estabilidade da moeda, a principal conquista do governo FHC". O presidente da Federação do Comércio de São Paulo, Abram Szajman, também elogia Meirelles: "Ele atende aos requisitos necessários para ocupar a presidência do Banco Central. Seu nome deverá ser bem aceito pelo mercado e dará credibilidade ao governo". O resultado da escolha, porém, só começará a ficar claro depois da posse de Lula.

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