Economia

Queda da inflação resulta de desaquecimento, dizem economistas

Mesmo assim, a dupla queda da inflação e dos juros é avaliada como fato positivo para a economia

Real: o patamar ficou abaixo do teto de 6,5% estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (Marcos Santos/USP Imagens/Reprodução)

Real: o patamar ficou abaixo do teto de 6,5% estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (Marcos Santos/USP Imagens/Reprodução)

AB

Agência Brasil

Publicado em 12 de janeiro de 2017 às 14h16.

O recuo da inflação, que influenciou na redução da taxa básica de juros da economia, a Selic, em 0,75 ponto percentual, foi resultado da atividade econômica em baixa, segundo economistas consultados pela Agência Brasil.

Eles explicam que, pressionadas por fatores como endividamento e desemprego, as famílias estão consumindo menos e isso favorece o controle de preços. Mesmo assim, avaliam como fato positivo para a economia a dupla queda da inflação e dos juros.

Na manhã de ontem (11), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou 2016 em 6,29%.

O patamar ficou abaixo do teto de 6,5% estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional. A meta de inflação é 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.

No fim da tarde, após sua primeira reunião em 2017, o Comitê de Política Monetária do Banco Central anunciou a redução na Selic de 13,75% para 13% ao ano.

A queda foi maior que a prevista pelo mercado, que projetava recuo de 0,5 ponto percentual. A inflação é a principal variável levada em conta pelo Copom para decidir sobre a taxa básica de juros. Quando ela está em alta, o comitê eleva a Selic para ajudar a conter os preços. Quando a inflação cai, é possível reduzir os juros.

"A inflação caiu bastante e por causa disso foi possível fazer uma redução da taxa Selic. Se é motivo para comemorar, depende muito do ponto de vista. Embora o fato de a inflação ficar abaixo do teto da meta seja um aspecto positivo, isso aconteceu porque a atividade econômica está muito baixa. Temos nível de desemprego alto, falta de confiança para fazer investimento, inadimplência alta de pessoas e empresas", enumera o economista Marcos Melo, professor de Finanças do Ibmec-DF.

Apesar do cenário recessivo que possibilitou a queda da inflação e, como consequência, da taxa básica juros, Melo acredita que o movimento trará resultados positivos.

"Quando você tem uma taxa de juros mais baixa, tem acesso a crédito. Por outro lado, isso possibilita o aumento do nível de emprego e da renda da população".

Segundo ele, mudanças como a redução de juros para empréstimos tendem a acontecer em poucos meses. O economista ressalta, contudo, que os sinais de reativação da economia ainda devem aparecer de forma modesta.

"A gente deve ter uns sinais de melhoria, mas nada muito contundente", acredita. Para o economista Antonio Porto, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), os números dessa quarta-feira evidenciam que "baixou a febre" do país. "Não é a cura ainda", destaca.

"A inflação, que era o principal, baixou. Com isso, pôde-se baixar o juro alto. Isso deve estimular a economia. Começou a dar certo. O fato é que o crédito em geral fica mais barato e pode ser que estimule as empresas, as pessoas a comprarem em vez de aplicar financeiramente o dinheiro. Além de você ter o próprio efeito do anúncio, que é mais psicológico", completa Porto.

O governo comemorou a inflação abaixo do teto da meta em 2016. O presidente Michel Temer disse, em um evento no Palácio do Planalto, que o número divulgado pelo IBGE sinaliza que o governo está no caminho certo. Temer afirmou ainda que a inflação deve chegar ao centro da meta, 4,5%, ainda em 2017.

Acompanhe tudo sobre:Banco Centraleconomia-brasileiraEconomistasInflaçãoSelic

Mais de Economia

Haddad: pacote de corte de gastos será divulgado após reunião de segunda com Lula

“Estamos estudando outra forma de financiar o mercado imobiliário”, diz diretor do Banco Central

Reunião de Lula e Haddad será com atacado e varejo e não deve tratar de pacote de corte de gastos

Arrecadação federal soma R$ 248 bilhões em outubro e bate recorde para o mês