Projetos de gás e petróleo poderão ser aprovados no Mercosul
Projetos nas áreas automotriz também podem ser aprovados na Cúpula do grupo
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.
San Juan - Técnicos brasileiros, argentinos, uruguaios e paraguaios estão reunidos desde a manhã de hoje (1°), divididos em grupos setoriais, para discutir acordos técnicos que deverão ser aprovados na 39ª Cúpula do Mercosul. A reunião começa oficialmente amanhã (2), na cidade de San Juan, no Oeste da Argentina.
Um desses grupos é o de integração produtiva, um dos mais novos criados no âmbito do Mercosul por determinação dos presidentes dos países que compõem o bloco. O objetivo é acelerar e aprofundar os esforços para que o Mercosul esteja cada vez mais articulado na produção de bens e serviços.
O negociador brasileiro no Grupo de Integração Produtiva do bloco é Reginaldo Arcuri, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Ele disse à Agência Brasil que, ao compartilhar suas estruturas industriais e desenvolver tecnologias comuns, um bloco econômico como o Mercosul amplia e melhora o grau de consolidação dos processos de integração.
Ao longo de um ano e meio de sua existência, o grupo apresenta alguns resultados concretos. É o caso de um portal destinado aos empresários do bloco e dos projetos discutidos nas áreas naval, aeronáutica e fitossanitária. Entre eles, dois terão destaque na reunião de San Juan.
Reginaldo Acuri disse que são projetos extremamente importantes porque se referem à preparação de pequenas e médias empresas do Mercosul para que elas possam estar cada vez mais integradas, entre si e com as empresas âncoras de duas cadeias produtoras essenciais para o Mercosul. A primeira delas é a automotriz. Segundo o presidente da ABDI, é nesse setor em que o Mercosul está industrialmente mais integrado.
Ele destacou que, como todas as montadoras são estrangeiras, "é extremamente importante que os fornecedores de autopeças dos nossos países possam, cada vez mais, acompanhar o desenvolvimento tecnológico, sendo capazes de fornecer para as montadoras, entrar na rede de fornecimento mundial de autopeças e se articular melhor". Acuri destacou que "ganhar escala e densidade empresarial" é decisivo para que os países sejam competitivos na cadeia produtiva.
O segundo projeto em análise hoje pelo Grupo de Integração Produtiva, e que poderá ser aprovado amanhã, refere-se ao setor de gás e petróleo. "A Argentina tem uma produção tradicional, o Brasil também. O Brasil, com as reservas do pré-sal, sem dúvida irá para um outro patamar na sua escala e na sua importância mundial. Há uma infinidade de bens e uma infinidade talvez ainda maior de serviços que podem ser desenvolvidos na cadeia de gás e petróleo", disse Acuri.
De acordo com ele, os dois projetos - o automotriz e o de gás e petróleo - são importantes para preparar as indústrias dos países do Mercosul "de modo que elas estejam integradas e possam compartilhar os processos de produção".
Cada um dos projetos, segundo o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, poderá receber financiamento de US$ 2,5 milhões do Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem), criado em 2004 para financiar ações comunitárias no bloco.
O Focem financia projetos destinados à construção de pontes, redes de transmissão de energia, estradas e saneamento, entre outros. Será a primeira vez em que o fundo destinará recursos a projetos específicos de integração industrial do Mercosul, se eles forem aprovados.