Projeto quer "empréstimo" de empresas bilionárias contra coronavírus
Deputados querem aprovar obrigação de empresas com patrimônio superior a R$ 1 bilhão emprestarem até 10% de seus lucros para o combate da covid-19
Estadão Conteúdo
Publicado em 27 de março de 2020 às 07h56.
Última atualização em 27 de março de 2020 às 07h57.
Deputados de dez partidos do chamado Centrão querem aprovar nos próximos dias a obrigação de empresas com patrimônio superior a R$ 1 bilhão emprestarem até 10% de seus lucros para o combate da covid-19 .
O deputado Arthur Lira (PP-AL) apresentou na quinta-feira, 26, como líder do bloco que reúne os partidos PP, PL, PSD, MDB, DEM, Solidariedade, PTB, PROS, Avante e Patriota, um pedido para que a proposta seja analisada com urgência pela Câmara. O bloco é composto por 225 deputados, 44% da Casa.
O autor da medida, o deputado Wellington Roberto (PB), líder do PL, justifica na sua proposta que a medida não representaria ação constritiva ou confiscatória do patrimônio. "Tendo em vista que outra característica que é própria dos empréstimos compulsórios é a obrigatoriedade de determinação do prazo e condições de seu resgate", diz.
Devolução
Segundo o projeto, os valores serão restituídos às empresas no prazo de até quatro anos depois do período de calamidade (no caso da covid-19 vai até 31 de dezembro), parcelados em até doze vezes mensais e sucessivas e corrigidos pela Selic (a taxa básica de juros).
A previsão legal do projeto é baseada no artigo 148 da Constituição que, em momentos de calamidade pública se acionem os "empréstimos compulsórios".
O líder do Republicanos, deputado Jhonatan de Jesus (RR), é um dos que apoiam a medida. "Precisamos de recurso para custeio da saúde", disse. O presidente do Solidariedade, deputado Paulinho da Força (SP), disse que o projeto tem o apoio de todas as centrais sindicais.
A medida ganhou força depois que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), começou a admitir a ideia de corte de salários nos três Poderes para conseguir mais recursos contra a crise. A justificativa dos parlamentares que apoiam o texto é, que todos terão de contribuir.