Economia

Produtores de etanol se beneficiarão de reajuste da gasolina

"Acredito em impacto imediato (nos preços do etanol)", disse o analista de açúcar e etanol João Paulo Botelho, da INTL FCStone, em Campinas


	Etanol: foi o primeiro reajuste da gasolina e do diesel desde novembro e o primeiro da atual diretoria, num momento em que a forte alta do dólar frente ao real impacta custos de importação e eleva o endividamento em moeda estrangeira da companhia
 (Marcos Santos/USP Imagens)

Etanol: foi o primeiro reajuste da gasolina e do diesel desde novembro e o primeiro da atual diretoria, num momento em que a forte alta do dólar frente ao real impacta custos de importação e eleva o endividamento em moeda estrangeira da companhia (Marcos Santos/USP Imagens)

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Da Redação

Publicado em 30 de setembro de 2015 às 15h21.

São Paulo - Produtores brasileiros de etanol vão se beneficiar a médio prazo da decisão da Petrobras de aumentar os preços da gasolina, que vai impulsionar a demanda pelo biocombustível e permitir que as usinas elevem suas margens, disseram especialistas nesta quarta-feira.

"Acredito em impacto imediato (nos preços do etanol)", disse o analista de açúcar e etanol João Paulo Botelho, da INTL FCStone, em Campinas (SP), após a Petrobras anunciar na noite de terça-feira alta de 6 por cento na gasolina e de 4 por cento no diesel.

Foi o primeiro reajuste da gasolina e do diesel desde novembro e o primeiro da atual diretoria, num momento em que a forte alta do dólar frente ao real impacta custos de importação e eleva o endividamento em moeda estrangeira da companhia.

Depois de anos de crise, em parte devido ao controle de preços da gasolina pelo governo, numa tentativa de evitar alta na inflação, as pequenas margens de lucro dos produtores de etanol estão se recuperando.

Ainda não está claro se as usinas de cana do Brasil serão capazes de atender imediatamente qualquer aumento significativo na demanda pelo biocombustível.

Dois terços da atual safra de cana já foram processados no centro-sul, principal região produtora do país, onde a colheita costuma terminar em dezembro.

A maioria das usinas não estocou etanol, ao contrário, vendeu o biocombustível para levantar recursos.

As usinas também têm compromissos para entrega de açúcar comercializado, o que limita uma eventual mudança mais expressiva no mix de produção.

O diretor da consultoria de açúcar e etanol Canaplan, Caio Carvalho, disse que não acredita que o governo tentou ajudar o setor de etanol ou estimular o investimento na produção de biocombustíveis ao concordar com a elevação.

"Esta é claramente uma política dirigida à Petrobras, o que irá ter um impacto positivo indireto no setor de açúcar", disse ele.

A Petrobras tem um quase monopólio nas vendas de combustíveis fósseis por atacado no Brasil e está em grandes dificuldades financeiras desde a Polícia Federal e o Ministério Público Federal deflagraram a operação Lava Jato e passaram a investigar corrupção em contratos da estatal, em março de 2014.

O principal concorrente da Petrobras no mercado de gasolina local é a indústria de etanol, que pode oferecer aos motoristas uma alternativa de combustível mais barata, quando os preços da gasolina ficam caros demais.

"Os consumidores são muito sensíveis a qualquer aumento de preço, então acredito que isso terá o efeito de aumentar a demanda por etanol", disse o superintendente de abastecimento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Aurélio Amaral.

De 2010 a 2014, o governo federal manteve os preços dos combustíveis fósseis no Brasil abaixo das cotações internacionais, com a ajuda da Petrobras, para segurar a inflação.

Esta política destruiu os lucros da produção de etanol e nocauteou dezenas de usinas de açúcar e etanol, além de indústrias de apoio.

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