Economia

Produção está estável há 3 meses, e estoques, baixos, diz IBGE

Em agosto, a produção industrial apresentou crescimento, tanto em relação ao mês anterior (0,3%) quanto a agosto de 2001 (0,9%). O acumulado de janeiro a agosto ficou em 0,5% - praticamente repetindo o de julho (0,4%) - e o dos últimos doze meses caiu 0,8%, segundo pesquisa divulgada pelo IBGE nesta terça-feira. O crescimento de […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h30.

Em agosto, a produção industrial apresentou crescimento, tanto em relação ao mês anterior (0,3%) quanto a agosto de 2001 (0,9%). O acumulado de janeiro a agosto ficou em 0,5% - praticamente repetindo o de julho (0,4%) - e o dos últimos doze meses caiu 0,8%, segundo pesquisa divulgada pelo IBGE nesta terça-feira.

O crescimento de 0,3% do indicador com ajuste sazonal deveu-se, principalmente, aos 2,1% de expansão na extrativa mineral, uma vez que a indústria de transformação manteve o mesmo nível de produção neste período, com acréscimo de 0,1%.

"Os índices de agosto mostram um quadro de estabilização no nível da produção nos últimos três meses, ao mesmo tempo em que há evidências, em outros indicadores, de uma redução do nível de estoques nas empresas. Assim, a indústria estaria com estoques mais baixos na fase onde se concentram as encomendas para o final de ano", afirma o IBGE.

Por categorias de uso, houve queda nos segmentos de bens de capital (-2,2%) e de bens de consumo duráveis (-1,2%), enquanto em bens intermediários (0,1%) e em bens de consumo semiduráveis e não duráveis (1,2%), as taxas são positivas.

De junho a agosto o nível de produção industrial manteve-se praticamente inalterado, refletindo principalmente o comportamento da produção de bens intermediários (ver gráfico abaixo), área beneficiada pela contínua expansão do setor de petróleo e gás e pelo desempenho exportador de alguns segmentos que processam produtos de origem agrícola.

Em relação a igual mês do ano anterior, a atividade fabril cresceu 0,9%, embora 11 dos 20 ramos pesquisados tenham apresentado queda. Novamente, cabe destacar a influência dos 14,6% de acréscimo da extrativa mineral, já que na média da indústria de transformação houve queda de 0,7%. Também tiveram influência positiva: mecânica (6,8%), metalúrgica (5,3%) e produtos alimentares (3,6%).

Bens duráveis

A produção de bens de consumo duráveis cresce 6,2% em relação a agosto de 2001, graças ao aumento de 23,6% assinalado em eletrodomésticos. Vale lembrar que, devido ao programa de racionamento de energia elétrica, a demanda por esses produtos foi muito reduzida no ano passado. Também mostram taxas expressivas a produção de motocicletas (23,9%) e de bicicletas (35,3%).

Por outro lado, prossegue em queda (-14,3%) o desempenho da indústria automobilística, que tem efeitos de encadeamento importantes por todo o setor industrial. A diminuição da renda real e as condições desfavoráveis de crédito, além da própria incerteza do consumidor, têm impactado sobretudo a demanda por bens duráveis de alto valor unitário, como os automóveis.

A redução de 10,0% na produção de bens de capital, frente a agosto do ano passado, reflete as quedas verificadas nos subsetores de bens de capital para fins industriais (-12,9%) e para o setor de energia elétrica (-48,4%). Não fosse a manutenção do crescimento na fabricação de máquinas e equipamentos agrícolas (34,5%) e de equipamentos para o setor de transporte (4,3%), o resultado para o total da categoria teria sido ainda mais negativo.

O segmento produtor de bens de consumo semiduráveis e não duráveis produziu, em agosto deste ano, 2,8% menos que em igual mês de 2001. Além do fraco desempenho na área de semiduráveis (calçados e confecções), onde a queda ficou em 7,4%, vale citar a redução observada na farmacêutica (-13,5%). Também nesta categoria de uso é possível perceber a influência positiva daqueles subsetores mais próximos à agricultura e articulados às exportações como, por exemplo, abate e preparação de aves e suco de laranja.

Indicador acumulado no ano

No acumulado de janeiro a agosto, o setor industrial apresenta crescimento de 0,5%, avançando em relação ao fechamento do primeiro semestre (-0,1%). Doze dos vinte ramos apresentam queda de produção, sendo que as mais importantes concentram-se em material elétrico e de comunicações (-12,6%), material de transporte (-4,7%) e minerais não metálicos (-2,8%). Nestes ramos, os produtos com os principais decréscimos são, respectivamente: fios e cabos de cobre, automóveis e postes de concreto.

Entre os que crescem, a liderança (em termos do impacto sobre o resultado global) fica com a extrativa mineral, com um aumento de 12,0%, vindo a seguir produtos alimentares (3,4%), mecânica (3,8%), fumo ( 25,1%) e química (0,9%). Em termos de produtos, os destaques nestas indústrias são: petróleo e gás natural; açúcar cristal e aves abatidas; tratores agrícolas; fumo em folha; e óleo diesel e fertilizantes. Tal relação de produtos confirma a relevância do aumento da produção interna de petróleo e da performance da agroindústria como focos de algum dinamismo no setor fabril ao longo deste ano.

No corte por categorias de uso, é exatamente naquelas áreas onde a presença dos fatores acima é mais marcante que se observa algum crescimento este ano: bens intermediários aumenta sua produção em 1,0% e bens de consumo semi e não duráveis mantém o nível do ano anterior (taxa zero). Na outra ponta, as áreas de bens de consumo duráveis (-2,2%) e de bens de capital (-2,3%), relativamente mais sensíveis aos fatores relacionados à demanda interna, mostram queda de produção.

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