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Previsão de que Brasil não vai crescer em 2022 é equívoco, diz Guedes

Paulo Guedes defendeu que os economistas estão sistematicamente errando seus prognósticos sobre o Brasil

Guedes: o ministro avaliou ainda que há "conversa fiada" de que o país perdeu controle sobre o fiscal (Andressa Anholete/Getty Images)
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Reuters

Publicado em 2 de dezembro de 2021 às 16h31.

Última atualização em 2 de dezembro de 2021 às 17h30.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quinta-feira que previsões de que o Brasil não vai crescer em 2022 são um equívoco e "conversa de maluco", embora tenha reconhecido que haverá desaceleração em meio ao avanço de preços na economia.

"Vamos crescer um pouco menos porque vamos estar combatendo inflação", disse ele, em palestra em evento sobre os dez anos de concessões aeroportuárias no país.

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Nesta manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou contração de 0,1% para a economia no terceiro trimestre, abaixo da estabilidade esperada para o período, resultado que na visão de muitos agentes reforça a perda de ímpeto da atividade.

A leitura é de que o cenário para o ano que vem fica ainda mais turvo em meio a incertezas políticas e fiscais e diante da perspectiva de juros básicos mais altos para conter a inflação, o que já levou alguns bancos a projetar queda do PIB em 2022.

Guedes, no entanto, defendeu que os economistas estão sistematicamente errando seus prognósticos sobre o Brasil. Ele avaliou ainda que há muitos que estão fazendo atividade política "disfarçados" de economistas.

"Vai crescer de qualquer jeito, a pergunta é se vai ter um pouco mais ou um pouco menos de inflação e isso vai depender justamente de como é que nós vamos combater essa inflação", afirmou.

Ecoando falas públicas recentes, o ministro voltou a dizer que o governo Jair Bolsonaro conseguiu a aprovação do Banco Central independente, frisando que pela primeira vez a autoridade monetária terá esse status em ano eleitoral.

Para o desempenho da economia neste ano, Guedes projetou alta de 5%.

O ministro avaliou ainda que há "conversa fiada" de que o país perdeu controle sobre o fiscal, o que classificou como "narrativa política" e "fake news".

A despeito de os dados do IBGE terem indicado o ingresso em recessão técnica dois trimestres consecutivos no vermelho, a bolsa subiu, motivada pela aprovação da PEC dos Precatórios no Senado, disse Guedes.

Ele defendeu que a Proposta de Emenda à Constituição não constitui um calote, acrescentando que, com a investida, o governo quer os precatórios também embaixo do teto de gastos.

O ministro voltou a defender a privatização de estatais, afirmando que há centenas de bilhões de reais que querem entrar no Brasil e não o fazem "porque governo é dono e manda em tudo".

Criação de empregos

Após nova revisão em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostrar que o Brasil fechou postos de trabalho em 2020, em vez de ter criado como divulgado anteriormente, Guedes buscou ressaltar que esta foi a primeira vez que não houve destruição em massa de empregos em meio a uma recessão.

"Na verdade [ Caged ] errou 50.000, 100.000. Mas nós estamos falando da criação de 3,5 milhões de empregos desde o fundo do poço", disse ele, afirmando que o IBGE também reviu recentemente seus cálculos para o mercado de trabalho, apontando uma figura melhor.

"O Caged subestimou a perda de empregou e o IBGE superestimou o desemprego", acrescentou o ministro.

Guedes diz que dado do PIB está no "retrovisor" e destaca investimento e crédito

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que os números do produto interno bruto (PIB) divulgados nesta quinta-feira apontando retração da economia no terceiro trimestre são um "espelho retrovisor" e que os dados de investimento e crédito mostram um cenário mais favorável à frente.

Ainda assim, Guedes previu que as estimativas para o crescimento em 2021 devem sofrer uma pequena diminuição. "Quem estava com 5,1% vai para 4,9% ou 5%", afirmou em entrevista à Reuters.

"Quando se fala em crescimento tem de ver como está a taxa de investimento, e ela está no pico de oito anos. A formação bruta de capital fixo está em 20%, e é um grande número", disse Guedes.

"Olhando o resultado (do PIB) você vê lá queda da agropecuária por conta do clima, e olhando para frente você vê um crescimento da taxa de investimento", acrescentou.

A economia brasileira entrou em recessão técnica ao registrar dois trimestres consecutivos de contração. No terceiro trimestre a queda foi de 0,1%, com a agropecuária como principal destaque negativo, em declínio de 8%.

Os dados do IBGE mostram que a Formação Bruta de Capital Fixo, uma medida de investimento, recuou 0,1% no terceiro trimestre sobre os três meses anteriores, mas tem alta de 22,7% no acumulado deste ano.

O ministro ressaltou, ainda, que o comportamento positivo dos mercados financeiros brasileiros nesta quinta reflete o avanço da PEC dos Precatórios no Senado, que aprovou o texto em dois turnos, e mostra que investidores teriam entendido que o governo não descumprirá a regra do teto de gastos.

"O fato de o mercado crescer hoje é mais importante, o aspecto fiscal que está sendo resolvido hoje, do que a queda da agro", disse. O dólar à vista caía 0,3%, o Ibovespa subia 2,6%, e os juros futuros negociados na B3 tinham alívio de até 24 pontos-base.

Para 2022, Guedes destacou que aqueles que falam que a economia brasileira não vai crescer estão errados.

"Temos duas forças na mesa: a dos investimentos para cima e a dos juros mais altos (que restringem a atividade). (Mas) não tenho menor dúvida de que vamos crescer", disse ele.

"Poderia ser 4% de PIB olhando para investimento, mas quando você olha para juros para combater inflação pode ser 1,5% ou 2%."

Segundo especialistas, a economia brasileira perdeu ritmo e deve continuar mostrando fragilidade por pelo menos mais um ano, com uma melhora dependendo de uma virada da inflação e de uma política econômica que estabilize as expectativas para a situação fiscal.

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