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Previdência seria aprovada mesmo sem Temer, diz Meirelles

Segundo o ministro da Fazenda, embora o cronograma possa sofrer atrasos, o curso da política econômica não seria mudado com a saída do presidente

Henrique Meirelles: ele ressaltou não enxergar possibilidade de a oposição contrária às reformas assumir o poder e mudar o curso da política econômica (Ueslei Marcelino/Reuters)
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Reuters

Publicado em 22 de maio de 2017 às 13h27.

Última atualização em 22 de maio de 2017 às 13h27.

Brasília - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta segunda-feira que o cronograma da reforma da Previdência deverá sofrer atraso em função da crise política deflagrada na semana passada, mas disse que acredita na aprovação da proposta mesmo se o presidente Michel Temer não seguir no comando do país.

Em conversa por telefone com investidores, Meirelles afirmou que seu cenário-base contempla a permanência de Temer no cargo. Mesmo que isso não aconteça, ressaltou não enxergar possibilidade de a oposição contrária às reformas assumir o poder e mudar o curso da política econômica.

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"A agenda de reformas nesse momento se tornou parte da agenda do Congresso. Os líderes mais importantes do Congresso já entenderam que as medidas fiscais têm de ser aprovadas e estamos seguindo adiante", disse.

Temer virou alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça em investigação aberta com base em acordo de delação fechado por Joesley Batista, do grupo JBS. O plenário do STF decidirá na quarta-feira se aceita ou não o pedido de Temer para suspender o inquérito contra ele.

A divulgação na semana passada de conversa gravada por Joesley com Temer injetou forte volatilidade no mercado, com agentes passando a questionar a viabilidade das reformas, em especial a da Previdência, considerada crucial para o reequilíbrio fiscal do país.

Meirelles admitiu que o governo não possui os 308 votos necessários para aprovar a reforma da Previdência no plenário da Câmara dos Deputados com base no posicionamento público dos parlamentares. Por outro lado, afirmou que vários deputados lhe confidenciaram que irão apoiar a proposta no momento certo.

Falando em inglês, Meirelles disse que atraso de um ou dois meses na apreciação do texto não fará diferença para o efeito fiscal da reforma, que é orientado para o longo prazo. Destacou ainda que um atraso dessa magnitude seria o pior dos cenários.

Antes da divulgação da delação de Joesley, o ministro havia dito que o governo já acreditava ter os votos para aprovação da reforma da Previdência na Câmara e que eventual atraso na votação faria diferença na expectativa econômica.

Meirelles, que era presidente do conselho da holding controladora da JBS, a J&F, antes de assumir a Fazenda, é um dos nomes que vêm sendo ventilados para a Presidência em caso de eleições indiretas, na esteira de eventual sucessão de Temer.

Após o escândalo político envolvendo Temer, Meirelles tem conversado com investidores, inclusive estrangeiros, para tentar conter os ânimos. Só nesta segunda-feira, ele tem agendada outra conferência com investidores.

Também presente na conversa por telefone com investidores desta manhã, o secretário de Acompanhamento Econômico do ministério, Mansueto de Almeida Junior, disse que, com novas medidas colocadas em andamento, o governo irá diminuir o corte no Orçamento, de 42 bilhões de reais, anunciado em março para o cumprimento da meta de déficit primário deste ano, de 139 bilhões de reais.

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