Economia

Prévia do Índice Geral de Preços cai 0,50%, maior deflação

Apesar disso, tendência é de que a taxa fique cada vez mais próxima da estabilidade, afirmou superintendente adjunto de inflação da FGV


	Mercado: tomate e ovos estão entre os produtos que ainda ficaram mais baratos, em ritmo mais tímido
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Mercado: tomate e ovos estão entre os produtos que ainda ficaram mais baratos, em ritmo mais tímido (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 10 de julho de 2014 às 17h36.

Rio de Janeiro - A deflação de 0,50% foi a maior já registrada em toda a série da primeira prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) em meses de julho.

Apesar disso, a tendência é de que a taxa fique cada vez mais próxima da estabilidade, afirmou há pouco o superintendente adjunto de inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros.

"Não é o caso de esperar uma subida de preços em julho. É mais provável que haja uma estabilização, com uma taxa mais próxima de zero no fim do mês", disse.

O resultado anunciado pela FGV hoje já representou uma aceleração em relação a junho, quando a primeira prévia apontou queda de 0,64%.

Ainda assim, Quadros considera pouco provável que o IGP-M fechado do mês seja de alta. "É grande a chance de termos uma terceira queda", observou. Em maio e junho, o indicador teve deflação de 0,13% e 0,74%, respectivamente.

A aceleração dos IGPs se deve a quedas cada vez menores no atacado, principalmente entre os alimentos in natura, que caíram 6,80% na primeira prévia de julho, contra -11,56% em igual período de junho.

Tomate e ovos estão entre os produtos que ainda ficaram mais baratos, mas em ritmo mais tímido. O ciclo mais curto de repasse de preços é a explicação, segundo Quadros.

Nas matérias-primas agropecuárias, já há itens em alta, como bovinos e aves, além de outros com contribuições menos negativas.

Apesar disso, a estabilização está sendo em parte freada por uma redução intensa nos preços da soja no atacado, notou Quadros. "É uma reação do mercado à notícia de que se confirmou o plantio num nível bastante satisfatório nos Estados Unidos", disse.

O preço do grão teve queda de 2,46%, contra alta de 2,33% na primeira prévia de junho, e o ciclo de queda pode avançar ainda mais ao longo do mês, segundo o superintendente.

Como o peso do item é grande no indicador, e o impacto é bastante espalhado entre derivados da soja, é possível que isso retarde a volta dos IGPs para o terreno positivo.

"A aceleração está sendo bastante mitigada pelo comportamento da soja", frisou Quadros. O trigo também intensificou a queda, de -2,12% para 4,45% entre as prévias.

"O impacto é menor (em comparação com a soja), mas é um indicativo importante diante da repercussão que tem para o consumidor. Abre-se uma janela para desaceleração (dos derivados) no varejo", disse o superintendente.

Segundo ele, preços de panificados e biscoitos, incluindo o pão francês, já perdem força nos supermercados, mas ainda há espaço para reduções.

"Diante disso, é pouco provável que o IGP-M saia do negativo", destacou. Os preços de alimentos no varejo também devem ajudar, segundo Quadros, refletindo o processo já observado no atacado.

Na primeira prévia de julho, a alimentação no domicílio recuou 0,59%, e o grupo Alimentação só teve alta de 0,01% por conta das refeições em bares e restaurantes, pressionadas pela demanda da Copa.

O reajuste médio de 18,06% nas tarifas de energia elétrica residencial da Eletropaulo, distribuidora que abastece São Paulo e outras 23 cidades do Estado, deve provocar aceleração no grupo Habitação.

A região responde por cerca de um terço de todo o índice, e a energia elétrica pesa aproximadamente 3% do Índice de Preços ao Consumidor (IPC).

Mesmo assim, Quadros acredita que a contribuição da soja, no sentido de puxar o índice para o negativo, deve predominar.

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