Economia

Presidenciável dos EUA quer taxar fortunas para bancar creches

Os americanos gastam com o cuidado dos filhos quase o mesmo valor que gastam com aluguel e Elizabeth Warren tem um plano para resolver o problema

Senadora Elizabeth Warren em evento de pré-campanha em Iowa (Danial Acker/Bloomberg)

Senadora Elizabeth Warren em evento de pré-campanha em Iowa (Danial Acker/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 23 de fevereiro de 2019 às 08h00.

Última atualização em 23 de fevereiro de 2019 às 08h00.

A senadora Elizabeth Warren, que disputará a vaga do Partido Democrata pela presidência dos EUA, propõe um plano para colocar todas as crianças em creches e limitar o gasto das famílias a 7 por cento da renda, independentemente do número de filhos. O plano seria bancado por um imposto sobre grandes fortunas.

O projeto da parlamentar de Massachusetts, revelado pelo Medium.com, torna os serviços de creche gratuitos para famílias com renda inferior a 200 por cento do nível de pobreza — ou menos de US$ 51.500 por ano para uma família de quatro pessoas. Outras famílias pagarão até 7 por cento da renda, dependendo do quanto ganham.

A proposta entra imediatamente na corrida presidencial de 2020, já lotada de democratas de perfil progressista que discutem como diminuir a desigualdade e expandir a rede de proteção econômica para a classe trabalhadora.

Os americanos gastam com o cuidado dos filhos quase o mesmo valor que gastam com aluguel. O custo médio mensal por criança se aproxima de US$ 1.400, segundo uma análise da HotPads baseada em índices de preços estaduais e metropolitanos levantados pela Care.com.

A visão de populismo econômico de Warren e seus ferozes ataques a corporações e aos milionários americanos — que ela acusa de influenciar o sistema em interesse próprio — formam os argumentos centrais da campanha da senadora, que atrai pesadas críticas do presidente Donald Trump.

O plano de Warren custaria aos contribuintes US$ 70 bilhões por ano, segundo levantamento dos economistas Mark Zandi e Sophia Koropeckyj, da Moody’s Analytics. O custo seria coberto por parte da arrecadação com um imposto anual sobre fortunas que Warren propõe para quem tem mais de US$ 50 milhões em ativos, de acordo com a fonte.

A proposta “aumentaria substancialmente o número de crianças aptas a receber cuidado formal” de 6,8 milhões (ou um terço da população com menos de 5 anos) para 12 milhões (60 por cento das crianças nessa faixa etária), segundo os economistas da Moody’s. O gasto de quem tem filhos pequenos com cuidado formal diminuiria aproximadamente 17 por cento.

O sistema seria montado como programa federal, aproveitando recursos existentes, como o Head Start, e administrado por governos locais e organizações sem fins lucrativos.

Acompanhe tudo sobre:CrechesEstados Unidos (EUA)Impostos

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto