Economia

Premiê da Grécia adverte sobre calote descontrolado para março

Segundo Lucas Papademos, o país enfrenta a possibilidade de quebra nos próximos três meses se não chegar a um acordo financeiro com os financiadores

Papademos destacou a importância de os sindicatos dos trabalhadores e os das empresas chegarem a um acordo para reduzir os custos salariais no setor privado (Ralph Orlowski/Getty Images)

Papademos destacou a importância de os sindicatos dos trabalhadores e os das empresas chegarem a um acordo para reduzir os custos salariais no setor privado (Ralph Orlowski/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 5 de janeiro de 2012 às 09h08.

Atenas - O primeiro-ministro grego, Lucas Papademos, advertiu na quarta-feira à noite em reunião com os sindicatos das empresas e dos trabalhadores que a Grécia enfrenta a possibilidade de quebra nos próximos três meses se não chegar a um acordo financeiro com os financiadores.

Pela transcrição de seu discurso para os representantes dos agentes sociais do país, divulgado pela agência 'AMNA', o chefe de Governo precisou que sem esse acordo e as subsequentes ajudas financeiras 'a Grécia enfrenta o risco imediato de um calote descontrolado em março'.

Diante desse cenário, Papademos destacou a importância de os sindicatos dos trabalhadores e os das empresas chegarem a um acordo para reduzir os custos salariais no setor privado.

'Temos de renunciar um pouco para não perder muito', justificou o ex-chefe do Banco Central da Grécia, quem assumiu as rédeas do Governo de união nacional em novembro em meio a pior crise econômica e financeira da história do país.

'Se nas próximas semanas não dermos os passos necessários, se não convencermos de que estamos dispostos a dar passos decisivos para sair da crise, nossa avaliação será negativa', ressaltou.

Os representantes do grupo de ajuda à Grécia, composto pelo Banco Central Europeu (BCE), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Comissão Europeia, devem chegar a Atenas em 15 de janeiro. Os sindicatos já rejeitaram qualquer possibilidade de reduzir mais uma vez os salários do setor privado.


O presidente da Confederação Geral do Trabalho, Yannis Panagopoulos, exigiu nesta quinta-feira em declarações a uma rádio que não interfira no acordo salarial assinado com o sindicato patronal há meses e questionou: 'para que serve estarmos na zona de euro se temos salários de fome'.

A patronal também não quer a redução do salário mínimo, mas aceita que é preciso chegar a um acordo para reduzir o custo salarial médio para as empresas.

Por isso, o presidente da Associação de Empresas e Indústrias, Dimitris Daskalopoulos, convidou os agentes sociais para uma reunião em 9 de janeiro, para chegar a um acordo sobre a redução do custo de trabalho sem redução do salário mínimo.

'O diálogo social para a redução do custo salarial médio é de importância capital para melhorar a competitividade do país', garantiu Daskalopoulos em carta enviada aos representantes sindicais.

Mas não só os sindicatos que resistem a novos ajustes salariais, também o partido conservador 'Nova Democracia', que faz parte do Governo de unidade. A legenda anunciou nesta quinta-feira que se opõe a qualquer redução salarial no setor privado.

Para esta quinta se espera um conselho de ministros chave para abrir uma via do diálogo com a 'troika', já que se prevê a aprovação de um projeto de lei que aborde as medidas debatidas pelos analistas internacionais em sua última visita à Grécia em dezembro.

Entre estes temas, destacam a liberalização das profissões protegidas (especialmente táxis e caminhões) e medidas práticas para evitar a evasão fiscal, que é endêmica na Grécia.

Foram precisamente os caminhoneiros os que fizeram fracassar todos os esforços de liberalização do Governo socialista anterior.

Com o apoio dos então opositores conservadores e ultranacionalistas, as transportadoras bloquearam as estradas de todo o país e organizaram violentas manifestações. 

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