Colheira de soja: grão ocupará pelo menos 1 milhão de hectares onde na safra passada havia sido plantado o milho (LEOMAR JOSE MEES)
Da Redação
Publicado em 17 de julho de 2012 às 17h14.
São Paulo - Os preços recordes da soja devem estimular os produtores brasileiros a plantarem uma área sem precedentes na safra 2012/13, segundo analistas.
Na segunda-feira, a soja bateu recorde e superou o patamar de 80 reais por saca pela primeira vez no porto de Paranaguá (PR), numa série de preços contabilizada desde 2006 e que serve de referência para o mercado.
A consultoria AgRural projeta que a soja vai ocupar entre 27,5 milhões e 28 milhões de hectares na safra que começa a ser plantada nos próximos meses, um acréscimo de pelo menos 2,5 milhões de hectares ante os 25 milhões plantados em 2011/12.
"Os custos são baixos e a lucratividade é a mais alta da história", disse nesta terça-feira à Reuters Fernando Muraro, analista da AgRural, baseado em Curitiba.
Segundo ele, o otimismo cresceu nos últimos 30 dias, com a elevação das cotações da soja no Brasil e nos mercados internacionais.
Muraro projeta que a soja ocupará pelo menos 1 milhão de hectares onde na safra passada havia sido plantado o milho, principalmente no Sul do país. A oleaginosa substituirá o algodão em pelo menos 250 mil hectares, essencialmente na região Centro-Oeste.
A consultoria Agroconsult, por sua vez, estima área de 27,9 milhões de hectares em 2012/13, um crescimento de mais de 10 por cento frente a última safra. Em condições normais de clima, o Brasil poderá colher 83,1 milhões de toneladas, crescimento de 25 por cento ante a temporada 2011/12, quando a seca derrubou a colheita no país.
"É primeira vez que o Brasil (segundo produtor global) poderá ultrapassar os EUA, a nossa expectativa é de um incremento bastante significativo de área", disse o analista Marcos Rubin, da Agroconsult, em entrevista, na sexta-feira.
Preços e custos
A saca de 60 kg, transferida para armazéns do porto de Paranaguá, chegou a 81 reais, na segunda-feira.
Trata-se de um recorde histórico para o indicador Esalq/BM&FBovespa, em valores nominais e reais (considerando a inflação).
As perspectivas de quebra na colheita nos EUA, devido à seca que atinge o cinturão de grãos no Meio-Oeste do país, têm feito as cotações na bolsa de Chicago atingirem altas históricas, com reflexos no mercado brasileiro.
Em relação aos custos de produção, que subiram em 2012, Muraro diz eles não devem afetar a safra que está para ser plantada, já que foram "travados" anteriormente.
As vendas antecipadas estão bastante adiantadas.
Antes mesmo do início da semeadura, 37 por cento da safra 2012/13 já foi comercializada, de acordo com o último levantamento da consultoria Céleres, divulgado na segunda-feira.
"Somente a safra 2013/14 vai ser afetada (pelos custos mais elevados)", completou Muraro. (Reportagem de Gustavo Bonato)