Queda na criação de empregos formais: presidente de sindicato de metalúrgicos diz que preocupação do empresariado prejudica o desenvolvimento da economia interna (Daniela de Lamare/Gloss)
Da Redação
Publicado em 24 de julho de 2012 às 12h56.
São Paulo - Para o presidente em exercício da Força Sindical e também presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, Miguel Torres, a redução na criação de empregos formais no Brasil se deve, principalmente, a uma precaução exagerada do empresariado nacional quanto à crise internacional. Hoje (23), o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) divulgou o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que mostrou redução superior a 25% na criação de empregos com carteira assinada no primeiro semestre deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado.
“Achamos que foi muito forte essa reação do empresariado de deixar o emprego cair dessa maneira. Do nosso ponto de vista, da indústria, não vemos essa necessidade. Analiso que foi uma medida de proteção muito grande que os empresários fizeram”, disse Torres, em entrevista na noite de hoje (23) à Agência Brasil.
Para Torres, a preocupação do empresariado com a crise internacional prejudica o desenvolvimento da economia interna. “O empresariado precisa entender que toda vez que tem recuo de emprego, tem recuo de renda. Se tem recuo de renda, o trabalhador não compra, o comércio não vai comprar da indústria e as indústrias não vão fabricar e vai aumentar o desemprego”, disse.
Pouco mais de 1 milhão de empregos, com carteira assinada, foram gerados no primeiro semestre deste ano, redução de 366 mil vagas em comparação a 2011.
O Caged também apontou que o salário médio de admissão no primeiro semestre do ano superou em R$ 56 o valor pago no mesmo período de 2011 - já considerada a inflação-, o que corresponde a ganho real de 5,9%. Nos primeiros seis meses do ano passado, os trabalhadores eram contratados com salário de aproximadamente R$ 946. No mesmo período de 2012, o salário passou para R$1.002.
Em São Paulo, Rio de Janeiro e no Distrito Federal estão os mais altos salários de admissão, entre R$ 1.141 e R$ 1.030 – os únicos estados em que ultrapassa R$ 1 mil. Em último lugar, ficou o salário pago na Paraíba, de R$ 768. “Ainda é ruim. Na média mundial é ruim. Se em São Paulo está isso, nos outros estados está menor do que R$ 1 mil. Melhorando salário, aumenta-se o poder de compra do trabalhador, o que pode melhorar a economia interna”, disse Torres.
Para o sindicalista, o ideal seria um salário inicial de cerca de R$ 2.383,28, apontado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) como o salário mínimo necessário para o brasileiro.