Economia

Poupança mundial de US$ 2,9 trilhões deve impulsionar retomada

Juros baixos podem estimular o gasto do montante, mas há o risco de que ele seja usado pagar dívidas ou preservar os orçamentos frente às incertezas da pandemia

 (PM Images/Getty Images)

(PM Images/Getty Images)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 4 de março de 2021 às 12h22.

Consumidores nas maiores economias do mundo pouparam US$ 2,9 trilhões a mais durante as restrições da Covid, um grande tesouro que cria o potencial para uma recuperação poderosa após a recessão causada pela pandemia.

Famílias nos EUA, China, Reino Unido, Japão e nos maiores países da zona do euro decidiram poupar quando foram obrigadas a ficar em casa e longe das lojas por causa do coronavírus, de acordo com estimativas da Bloomberg Economics. Por aqui, 70% dos brasileiros passaram a poupar mais durante a pandemia, e é provável que continuem a guardar dinheiro com a manutenção das restrições e injeção de estímulos pelos governos.

Metade desse total - US$ 1,5 trilhão - foi poupado só nos Estados Unidos, mostram os dados. O valor é pelo menos o dobro do crescimento médio anual do PIB registrado na última expansão e equivalente à produção anual da Coreia do Sul. Essas poupanças devem fornecer combustível para que as economias se recuperem quando a Covid-19 for finalmente controlada e as vacinas distribuídas.

Os otimistas apostam em uma maratona de compras com o retorno dos consumidores às lojas, restaurantes, locais de entretenimento, pontos turísticos e eventos esportivos, bem como mais compras de itens caros. Os menos confiantes se perguntam se o dinheiro será usado para pagar dívidas ou acumulado até que a crise de saúde passe e os mercados de trabalho pareçam mais fortes.

Nos EUA, se todo o dinheiro economizado no último ano for gasto, isso impulsionaria o crescimento econômico para até 9%, em vez dos 4,6% atualmente projetados para o PIB de 2021, de acordo com a BE. Em contraste, se o dinheiro não for gasto, a economia provavelmente crescerá apenas 2,2%.

O verão de 2020 acabou sendo um falso amanhecer, mas também mostrou como as economias podem se recuperar rapidamente quando os controles da Covid-19 forem removidos. Poderia acontecer o mesmo em 2021? Enormes reservas das economias de famílias devido aos lockdowns são uma razão pela qual estamos confiantes de que a demanda deve se recuperar muito.

Maeva Cousin, economista sênior da zona do euro da Bloomberg Economics

Os EUA não estão sozinhos. As famílias chinesas colocaram 2,8 trilhões de yuans (US$ 430 bilhões) a mais em suas contas bancárias do que o normal. Depósitos semelhantes aumentaram em 32,6 trilhões de ienes (US$ 300 bilhões) no Japão e em 117 bilhões de libras (US$ 160 bilhões) no Reino Unido. Nas maiores economias da zona do euro, a poupança combinada subiu 387 bilhões de euros (US$ 465 bilhões), liderada pelos 142 bilhões de euros da Alemanha.

Um fator que pode aumentar o desejo de esbanjar: taxas de juros baixas que reduzem o apelo de manter o dinheiro no banco. Mas há o risco de que as pessoas optem por usar as economias para pagar dívidas ou decidam preservar os orçamentos familiares devido a riscos contínuos para a saúde ou a preocupação de que a recuperação do mercado de trabalho seja lenta.

Acompanhe tudo sobre:ChinaConsumoEstados Unidos (EUA)Poupança

Mais de Economia

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE