Portugal tem crescimento mais rápido dos últimos 17 anos
A expansão portuguesa, que já dura 15 trimestres consecutivos, mostra um forte contraste com as dificuldades recentes que o país teve que enfrentar
João Pedro Caleiro
Publicado em 17 de fevereiro de 2018 às 06h00.
Última atualização em 17 de fevereiro de 2018 às 06h00.
São Paulo - A economia de Portugal cresceu 2,7% em 2017, de acordo com estimativas anunciadas na quarta-feira (14) pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
A taxa veio muito acima dos 1,6% de crescimento de 2016 e é a mais alta desde os 3,8% registrados em 2000.
O resultado positivo foi atribuído a uma aceleração da demanda doméstica e do investimento, sem grande alteração no setor externo em relação ao ano anterior.
As receitas totais dos hotéis, incluindo o turismo doméstico, cresceram quase 17% no ano enquanto o número de turistas estrangeiros cresceu 12% e atingiu o recorde de 12,7 milhões de pessoas.
Histórico
O crescimento português não é tão impressionante considerando o contexto europeu, já que a zona do euro registrou crescimento de 2,5% no ano, o mais alto em uma década.
Mas a expansão portuguesa, que já dura 15 trimestres consecutivos, mostra um forte contraste com as dificuldades recentes que o país teve que enfrentar.
Entre 2011 e 2014, Portugal precisou se submeter a um pacote de resgate da União Europeia e o Fundo Monetário Internacional no valor total de 80 bilhões de euros para se manter solvente.
O país cortou gastos e aumentou impostos com um pacote de austeridade que contribuiu para quatro anos de recessão (2009, 2011, 2012 e 2013).
Mas com a volta do crescimento, o Orçamento português ganha um respiro e o déficit foi reduzido para apenas 0,1% do PIB nos 12 meses terminados em setembro.
Com isso, a projeção é que a relação entre dívida e PIB tenha caído pela primeira vez em quase duas décadas: de 130% em 2016 para para 126% em 2017.
No final do ano passado, a agência de classificação de risco Fitch elevou de BB+ para BBB o rating do país, citando a “dinâmica favorável à trajetória da dívida”.
Com isso, Portugal voltou a ter o grau de investimento pela agência, selo que havia perdido em novembro de 2011.