Economia

Por que a recuperação econômica será mais forte do que se imagina

Em 2018, PIB pode crescer até 3%, segundo cálculos do economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da consultoria MB Associados

José Roberto Mendonça de Barros, economista e sócio da consultoria MB Associados, no Exame Fórum em 4 de setembro (Germano Lüders/Site Exame)

José Roberto Mendonça de Barros, economista e sócio da consultoria MB Associados, no Exame Fórum em 4 de setembro (Germano Lüders/Site Exame)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 4 de setembro de 2017 às 18h05.

Última atualização em 6 de dezembro de 2018 às 12h38.

São Paulo – Para o economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da consultoria MB Associados, os resultados do último trimestre são sinais contundentes de que a economia brasileira “teima em crescer” mesmo com um cenário adverso na política. Fato que o leva a projetar um crescimento econômico otimista.

A previsão do economista, que falou nesta segunda-feira no EXAME Fórum 2017, é de que o PIB feche 2017 com um avanço de 0,7% e, em 2018, acelere com um crescimento de 3%.

“A recuperação vai ser rápida e relevante, mas o problema é se ela será sustentável ou não”, afirmou. E isso, segundo ele, depende do resultado das eleições e da implantação das reformas econômicas, como a da Previdência.

Por ora, o Brasil tem os elementos necessários para essa retomada: um cenário externo favorável (com a baixa dos juros internacionais, a desvalorização do dólar, maior busca por risco e sustentação no preço das commodities), o aquecimento do consumo interno, entre outros fatores.

“Desde sempre no Brasil, até a eleição do Lula em 2002, a nossa situação era de escassez de dólar”, disse. Assim, segundo ele, toda crise recontava a mesma história: o dólar sobe pela incerteza, a inflação cresce, o Banco Central eleva a taxa de juros e a recessão aparece.

Esse ciclo vicioso, contudo, não está se repetindo agora porque "sobra dólar", afirma Mendonça de Barros. “Tem pedaços da economia brasileira, como o agronegócio, que são competitivos. Como o mundo está bem, nós exportamos e a situação veio para ficar”.

Há três aspectos que, segundo Mendonça de Barros, deveriam balizar o planejamento estratégico das empresas para o próximo ano. O primeiro é a baixa da inflação, que deve se manter estável, no mínimo, pelos próximos dois anos.

“Se a inflação não se alimenta, a política de preços passa a ser mais desenvolvida. Seu preço é seu posicionamento estratégico no mercado. Essa é uma mudança e muitas outras virão”, afirmou.

A expectativa também é de uma política monetária menos restritiva. “Uma taxa de juros a 6,5% muda o mercado de crédito”, disse. E, por último, um setor externo robusto – que pode fortalecer as exportações.

Essa é uma janela de oportunidade para o Brasil. Para aproveitá-la, é preciso alavancar a nossa produtividade. “A única forma de melhorar a produtividade é melhorando a infraestrutura por meio de privatizações e concessões”, afirmou.

O pleito do próximo ano será decisivo para isso. “Com a eleição de alguém minimamente reformista em 2018, a chance de entrarmos num período de crescimento sustentável é enorme”, disse.

Veja a entrevista de Mendonça de Barros a EXAME.com:

yt thumbnail
Acompanhe tudo sobre:economia-brasileiraeventos-exameEXAME 50 AnosEXAME FórumPIB

Mais de Economia

Governo tem déficit R$ 105,2 de janeiro a setembro; número é 11,5% pior que em 2023

Lula se reúne com ministros nesta quinta e deve fechar pacote de corte de gastos

Equipe econômica acompanha formação de governo Trump para medir impactos concretos no Brasil

Pacote de corte de gastos ainda está em negociação, afirma Lula