Economia

Plano de retomada de Guedes será centrado na agenda de reformas

Secretário do ministro acredita que a crise econômica e política pela qual passa o governo Bolsonaro não impede que o Brasil possa seguir plano inicial

Paulo Guedes (Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Paulo Guedes (Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 30 de maio de 2020 às 09h00.

O plano de retomada da economia discutido pela equipe do ministro Paulo Guedes é centrado na mesma agenda de reformas que estava sobre a mesa antes da pandemia do novo coronavírus. “O diagnóstico do que precisa ser feito não mudou. É o mesmo que existia antes da crise e envolve reformas tributária, administrativa, fiscal, abertura comercial, melhoria regulatória e desburocratização, disse o secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, em entrevista.

“Depois da crise, a gente vai estar no buraco. A gente vai destravar a economia como? Criando benefícios para os mesmos setores de sempre ou estruturando medidas para todos ganharem?”, afirmou.

Guaranys acredita que a crise econômica e política pela qual passa o governo do presidente Jair Bolsonaro não impede que o Brasil possa realizar as reformas: “Basta que se construa a narrativa correta. Você acha que alguém tem dúvida de que o sistema tributário brasileiro é confuso?”, disse o secretário.

Desoneração é prioridade

A desoneração da folha de pagamento das empresas é uma das prioridades da equipe econômica. Quando a economia começar a reagir, diz ele, haverá uma massa de trabalhadores na informalidade que precisam ser visíveis ao Estado e que terão mais chances de conseguir emprego se houver contratos mais flexíveis.

“O que está se pensando é como ter modelos diferentes com desonerações que permitam que se gere empregabilidade maior”, afirmou o secretário. Segundo ele, as resistências a essas mudanças, como flexibilizar a cobrança de FGTS e décimo terceiro salário são enormes, mas devem ser analisadas à luz da massa de pessoas que não têm postos de trabalho.

Segundo ele, é preciso acabar com a contribuição da folha que se paga excessivamente no país. “É difícil fazer isso quando todos estão empregados, mas será que não consigo fazer isso para essa massa de desempregados gigantesca? O que adianta cobrar FGTS, 13o. se temos 13 milhões de desempregados no país?”

Apoio de Bolsonaro

O veto do presidente Jair Bolsonaro ao aumento salarial do funcionalismo público até o fim de 2021 e o apoio demonstrado à visão de Guedes de que a retomada tem que vir do investimento privado foram dois sinais importantes para mostrar que o Brasil continua trilhando o mesmo caminho na economia, disse o secretário. Os problemas políticos criam uma cortina de fumaça, mas não contaminam o ambiente econômico efetivamente.

Segundo ele, embora existam visões divergentes da de Guedes no governo, o caminho que Bolsonaro segue é o indicado pelo ministro. O secretário ressaltou que os contratos de concessão continuam a ser seguros e o Brasil ainda é um mercado enorme com necessidade de investimentos em infraestrutura. O capital vai entender isso, disse ele. Guaranys lembrou o sucesso dos leilões dos aeroportos para a iniciativa privada em meio à Operação Lava Jato, o que mostra o quanto pesa o pragmatismo do investimento, mesmo com turbulências políticas.

Auxílio é temporário

A prorrogação do auxílio emergencial está sendo avaliada e seu formato vai depender de como a situação estiver depois de junho, quando a medida tem previsão de acabar. A certeza, segundo o secretário, é que a ajuda não se tornará permanente. Ele disse que poderá ser mantido por mais um período e que, para isso, os cálculos de seu custo estão sendo feitos. O auxílio emergencial custa R$ 50 bilhões por mês. Se virar permanente, com certeza contamina o futuro, disse.

Embora o Tesouro estude usar lucro do BC e esteja tomando empréstimos para financiar medidas contra a crise, não há preocupação com o gerenciamento da dívida pública.

Brasil continua com o plano de ingressar como membro na OCDE, explicou Guaranys. A saída de Sérgio Moro do comando do Ministério da Justiça pode ter gerado dúvidas naturais em relação ao combate à corrupção no Brasil, mas o plano continua, mesmo com todo o processo dentro da organização estar desacelerando por causa da pandemia.

Acompanhe tudo sobre:Governo BolsonaroMinistério da EconomiaPaulo Guedes

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto