Fitch: "A mudança em si da meta fiscal não é uma boa notícia", disse Rafael Guedes (Matt Lloyd/Bloomberg/Bloomberg)
Reuters
Publicado em 14 de agosto de 2017 às 15h40.
Última atualização em 14 de agosto de 2017 às 15h51.
São Paulo - A piora na meta de déficit fiscal do Brasil para 2017 e 2018 isoladamente não deve ser suficiente para que a Fitch faça mudanças no rating soberano do país, disse à Reuters o diretor da agência de classificação de risco no Brasil, Rafael Guedes, baseado nas informações que têm circulado pela imprensa.
"A mudança em si da meta fiscal não é uma boa notícia, mas mais uma vez demonstra porque o Brasil já está com perspectiva negativa, devido à dificuldade de consolidação fiscal", disse Guedes na noite de sexta-feira.
O governo anunciará nova meta de déficit primário de 159 bilhões de reais para 2017 e 2018 nesta segunda-feira, disse pela manhã à Reuters uma importante fonte do Palácio do Planalto, ressaltando também que não haverá aumento de impostos. As metas de déficit primário de 2017 e 2018 estão atualmente em 139 bilhões e 129 bilhões de reais, respectivamente.
Segundo o executivo da Fitch, a eventual aprovação da reforma da Previdência no Congresso Nacional, por outro lado, pode ter influência numa decisão da Fitch sobre mudar a perspectiva da nota brasileira. Atualmente, a agência confere nota BB à dívida soberana brasileira, com perspectiva negativa.
Segundo Guedes, no entanto, mesmo a aprovação da reformasozinha não será suficiente para resolver questões estruturais de longo prazo. A agência avalia que a trajetória da dívida do país não indica reversão nos próximos cinco anos.
Para ele, tudo leva a crer que a reforma não será aprovada como previsto inicialmente, mas diluir mais o texto seria ainda mais problemático. No entanto, a não aprovação da matéria neste ano não seria necessariamente um divisor de águas em termos de possível mudança de rating, uma vez que a agência leva em conta um conjunto de fatores.
Neste aspecto, Guedes considerou que a aprovação da reforma trabalhista teve um papel importante para ajudar o Brasil a ganhar maior eficiência econômica, embora a agência ainda não tenha medido os potenciais impactos dessa medida.
"A reforma trabalhista foi uma etapa significativa", disse Guedes.