Produto Interno Bruto (PIB) provavelmente cresceu apenas 0,1 por cento em relação aos três primeiros meses de 2017 (Reinaldo Canato/VEJA)
Reuters
Publicado em 29 de agosto de 2017 às 14h51.
São Paulo - A economia brasileira praticamente não cresceu no segundo trimestre, mostrou nesta terça-feira pesquisa da Reuters com economistas, mas a retomada do consumo das famílias sugere que a recuperação econômica continua nos trilhos.
O investimento, no entanto, deve ter se mantido perto das mínimas em uma década, sinal de que o crescimento deve ser bastante gradual daqui para frente.
O Produto Interno Bruto (PIB) provavelmente cresceu apenas 0,1 por cento em relação aos três primeiros meses de 2017 com ajustes sazonais, de acordo com a mediana das projeções de 34 economistas, que foram de queda de 0,3 por cento a alta de 0,7 por cento.
Está longe do crescimento de 1 por cento apurado no primeiro trimestre, quando a safra recorde de soja e fortes exportações de automóveis ajudaram a tirar o Brasil da recessão.
O banco Santander, casa que mais acertou as projeções de PIB em pesquisas recentes da Reuters, prevê crescimento nulo no trimestre passado.
Isso ilustra como há espaço tanto para decepção quanto para alívio quando os números forem divulgados na quinta-feira às 9:00 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Será o segundo trimestre consecutivo de expansão, embora ainda pequena, interrompendo oito declínios seguidos.
Em termos anuais, o PIB provavelmente ficou estável, comparado à contração de 0,4 por cento no primeiro trimestre, de acordo com a pesquisa. As estimativas variaram entre queda de 0,5 por cento e expansão de 0,6 por cento.
O economista-chefe do banco J. Safra, Carlos Kawall, disse ver sinais de retomada "mais consistente" da atividade econômica apesar do número cheio decepcionante. "O crescimento já vem com retomada de consumo, retomada de atividade que a gente vê mais consistente", disse ele, para quem o consumo das famílias deve crescer 0,5 por cento no segundo trimestre deste ano, na margem.
O PIB desmoronou 8 por cento entre o quarto trimestre de 2014 e o fim de 2016, na recessão mais profunda desde o início da série histórica em 1901.
A inflação, que chegou a disparar a dois dígitos, caiu ao menor nível em oito anos, abrindo o caminho para o Banco Central reduzir a Selic em 5 pontos percentuais desde outubro, reduzindo os custos dos empréstimos e alimentando o consumo. Segundo economistas, os cortes de juros parecem finalmente parece estar dando resultados.
Nas últimas semanas, casas incluindo o JPMorgan e o Itaú, melhoraram suas projeções de PIB após vários indicadores econômicos --desde vendas no varejo e atividade econômica até o emprego-- surpreenderem positivamente.
Mas as empresas provavelmente ainda hesitam em investir, sofrendo com dívida alta e excesso de capacidade. A formação bruta de capital fixo atingiu o menor nível em uma década no primeiro trimestre e economistas disseram que uma recuperação não virá tão cedo.
O presidente Michel Temer tem buscado estimular o investimento em infraestrutura com amplo programa de privatizações, além de reformas regulatórias. Seus esforços para cortar os gastos do governo, no entanto, provavelmente pressionarão o crescimento no curto prazo.
Dúvidas sobre a capacidade de Temer de angariar apoio a novas reformas estruturais vêm crescendo, diante de baixíssimas taxas de popularidade em meio a escândalos de corrupção. Neste mês, o governo afrouxou suas metas fiscais para todos os anos até 2020 após parlamentares se recusarem a apoiar a criação de novos impostos. [nL2N1L201J]